O aumento da mortalidade no Brasil dos tipos mais frequentes de câncer nas mulheres

No Brasil, os cinco tipos de câncer com maior mortalidade são (em ordem crescente): câncer de mama, de pulmão, de cólon, de colo de útero e de estômago. E mais a despeito dos avanços em diagnóstico e tratamento, a mortalidade do câncer de mama e de pulmão no Brasil vem aumentando nos últimos anos.

O câncer de mama é o tumor mais comum em mulheres de todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa o primeiro lugar.   A taxa de mortalidade do câncer de mama mantém uma curva ascendente e representa a primeira causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras, sendo também a principal causa de óbito por câncer (15,7% do total de óbitos).

O câncer de pulmão é quarto mais comum em incidência entre as mulheres, porém é um tumor de alta letalidade, sendo o segundo responsável pela mortalidade em mulheres. Na maioria das populações, os casos de câncer de pulmão tabaco-relacionados representam aproximadamente 85% dos casos desse câncer. No Brasil, ocorreram, em 2015, 15.514 óbitos por câncer de pulmão em homens e 10.978 em mulheres.

Estima-se que o aumento da mortalidade ocorrida nas mulheres esteja relacionado às medidas de controle do tabagismo adotadas no país desde 1986, que deveriam ter um enfoque mais voltado para o público feminino.

 Nos EUA, as taxas de mortalidade por câncer vêm diminuindo de forma constante nos últimos 20 anos.

Nos EUA, a mortalidade por câncer de mama caiu 40% de 1989 a 2016. Esta melhora ocorreu pelo maior alcance das ações de rastreamento, possibilitando diagnósticos precoces, e pelo acesso aos avanços no tratamento. Do mesmo modo, a mortalidade por câncer de pulmão apresentou uma queda de 48% desde 1990 em homens e de 23% em mulheres desde 2002. Esta queda vem se acelerando nos últimos anos pelas campanhas voltadas também para a cessação do tabagismo em mulheres.

Quais as perspectivas para as mulheres brasileiras?

 É importante ressaltar que os casos de câncer irão dobrar até 2035 no mundo todo. E o maior aumento será nos países em desenvolvimento com população relativamente jovem. Assim, os sistemas de saúde devem estar preparados, já que se estima que 60% dos casos de câncer ocorrerão nesses países, precisarão planejar e alocar recursos.

O impacto que o adoecimento de uma mulher em uma família – em que muitas vezes ela é a fonte principal de sustento – é enorme e pouco se tem feito para melhorar os programas de rastreamento e o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, o que reflete a grande disparidade das taxas de mortalidade observadas entre os dados Brasil e EUA.

No Dia Internacional da Mulher, precisamos mostrar esta disparidade e cobrar do governo mais atitudes de prevenção em saúde feminina para que possamos, em um futuro breve, chegar perto das estatísticas dos Estados Unidos, diminuindo a mortalidade por câncer em todo o país.