Os estigmas do câncer referem-se ao sofrimento, à dor, ao medo da morte, à preocupação com a autoimagem, bem como à perda do atrativo sexual, da capacidade produtiva e de peso¹. Mesmo com todos os avanços em relação ao diagnóstico e ao tratamento, o estigma em relação ao câncer ainda é forte, tanto na sociedade como em equipes de saúde com pouca afinidade pelo tema.
No diagnóstico oncológico, os estigmas trazem ansiedade e tristeza aos pacientes. Como podemos lidar com isso? O acolhimento é a chave para reverter isso. E acolher é a especialidade dos amigos.
Muitos estudos descobriram que pacientes oncológicos com forte apoio emocional tendem a se ajustar melhor às mudanças que a doença traz, têm uma visão mais positiva e frequentemente relatam uma melhor qualidade de vida. Por este motivo, as pessoas com câncer precisam do apoio de seus amigos.
Uma situação comum é o relato de pessoas próximas sobre não saber como agir nessas situações, por isso, trago aqui, algumas possibilidades:
- Certifique-se de que seu amigo saiba que ele é importante para você.
- Envie mensagens de texto breves e frequentes ou faça chamadas curtas e regulares.
- Verifique com a pessoa que ajuda com seus cuidados diários (cuidador) para ver o que mais ele pode precisar.
- Sempre ligue antes de visitar. Seja compreensivo se seu amigo não puder vê-lo naquele momento.
- Faça visitas curtas e regulares em vez de longas e infrequentes.
- Entenda que seu amigo pode não querer falar, mas também pode não gostar de ficar sozinho.
- Não tenha receio de tocar, abraçar ou apertar a mão de seu amigo.
- Ajude seu amigo a se concentrar em tudo o que desperta bons sentimentos, como viagens ou animais de estimação.
- Ajude seu amigo a manter um papel ativo na amizade, pedindo conselhos, opiniões e perguntas.
- Pergunte ao seu amigo se ele está sentindo algum desconforto. Sugira novas maneiras de ficar mais confortável, como usar mais travesseiros ou mover os móveis de lugar.
- Faça elogios honestos, como “você parece descansado hoje.”
- Certifique-se de incluir seu amigo ao falar com outras pessoas na sala.
- Respeite as decisões dele sobre o tratamento do câncer, mesmo se você discordar. ²
Além daqueles velhos e bons amigos que dividimos a trajetória de vida, surgem novas amizades durante o tratamento com aqueles que dividem a rotina oncológica: a pessoa que se senta ao lado durante a infusão da quimioterapia, aquele (a) que aguarda com você a consulta médica, aquele (a) que realiza sessões de radioterapia em horário próximo ao do paciente. Essa conexão com quem está experimentando momentos desafiadores pode ser extremamente valiosa. É o momento de compartilhar emoções, sentimentos, pensamentos e vivencias do tratamento oncológico. Acredito que esse laço é forte e duradouro, além de permitir ao paciente conhecer outras vivências dentro do mesmo contexto.
A presença dos amigos, seja os antigos ou os novos, é fundamental para uma vida feliz e completa e isso não muda durante a jornada oncológica.
Referências
- Chiattone, H. B. C. (1992). Uma vida para o câncer. In V. A. Angerami-Camon (Org). O doente, a psicologia e o hospital(pp. 71-107). São Paulo: Pioneira.
- Stan Goldberg. Loving, Supporting, and Caring for the Cancer Patient: A Guide to Communication, Compassion, and Courage. November 16, 2017.