As datas são próximas e essa não é uma coincidência. O Dia Mundial da Saúde e o Dia Mundial do Combate ao Câncer – celebrados nos dias 7 e 8 de abril – estão intimamente ligados e essa relação vem sendo reforçada já há algum tempo em todo o mundo. Para se ter uma ideia, pacientes com câncer estão incorporando a atividades física ao tratamento e os resultados têm sido positivos e comprovados cientificamente. Um estudo publicado na revista JAMA em julho de 2023 aponta que 3,5 minutos de exercícios físicos vigorosos por dia podem reduzir em 18% o risco de desenvolver câncer. Se a intensidade e a duração do treino forem aumentadas para 4,5 minutos diários, o risco de câncer diminui em até 32%. O estudo, liderado pelo Dr. Emanuel Stamatakis, da Universidade de Sidney, na Austrália, é resultado do acompanhamento de mais de 22 mil adultos.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar até 2025, 704 mil novos casos por ano da doença, sendo 70% deles concentrados na região sudeste do país. O câncer está entre as doenças que mais matam no mundo e, ainda assim, é considerada uma doença crônica no Brasil, recebendo o mesmo aporte de outras doenças bem menos complexas.  Para os oncologistas brasileiros, o Dia Mundial do Combate ao Câncer, vem cercado de desafios e o primeiro deles é conscientizar as pessoas sobre a necessidade da mudança do estilo de vida. André Sasse, oncologista clínico e CEO do Grupo SOnHe explica que cada vez mais as evidências comprovam que uma vida saudável pode ajudar a prevenir muitos tipos de câncer e a tratar outros tantos. “É claro que temos condições genéticas que não podem ser descartadas, mas, de maneira geral, a pessoa que é ativa tem menos chance de desenvolver câncer e o paciente que incorpora a vida saudável, mesmo que durante o tratamento, responde de maneira ainda mais satisfatória”, pontua o oncologista.

A expectativa é de que ano de 2024 apresente números mais reais no que se refere ao diagnóstico de novos casos de câncer, já que é o primeiro ano sem os reflexos da pandemia. O aumento da expectativa de vida dos brasileiros é outro fator que deve ser levado em consideração e que, a longo prazo, impactará a forma de lidar com a doença. Para André Sasse, oncologista clínico e CEO do Grupo SOnHe, o aumento no número de casos de câncer no Brasil, seja derivado do represamento de diagnósticos no período da pandemia ou em função do aumento da expectativa de vida dos brasileiros, indica a necessidade de uma mudança na forma de lidar com a doença. “Precisamos reconhecer o câncer como um problema de saúde púbica nacional, que precisa de uma política específica, mas também precisamos entender que a prevenção existe e pode ser incorporada à rotina por meio da mudança de estilo de vida”, explica Sasse.

A prevenção ao câncer por meio de uma vida mais saudável está relacionada a algumas alterações na rotina, como a incorporação da atividade física no dia a dia, a redução no consumo de álcool, tabaco e de carne vermelha, que, comprovadamente, pode ser responsável pelo desenvolvimento de um tipo específico de câncer. Para André Sasse, movimentos como a segunda-feira sem carne são importantes para que as pessoas reflitam sobre o que estão construindo para o futuro. “A vida moderna nos apresenta uma realidade mais fácil do ponto de vista da praticidade em função da tecnologia. Por outro lado, esse imediatismo nos desconecta de nós mesmos, da nossa saúde. E é preciso que o cuidado seja constante”, pontua o oncologista.