O câncer de próstata é o primeiro câncer mais comum no homem, excluindo as neoplasias de pele não melanoma. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer para 2016 foi de 61.200 novos casos no Brasil, o que representa 28% de todos os casos de câncer no homem.

 

Diante dessa alta incidência, é muito comum conhecer alguém próximo ou mesmo receber esse diagnóstico. Então quais são os próximos passos? Quais as chances de cura? Quais são as opções de tratamento?

 

Após o diagnóstico, as dúvidas são frequentes e a ansiedade perante o tratamento é inevitável, porém o primeiro passo é manter a calma! Agendar uma consulta com um oncologista é fundamental para que todas as perguntas sejam adequadamente respondidas.

A boa notícia é que os avanços da medicina vêm permitindo que a maioria dos pacientes sejam curados, realizando tratamentos com menos efeitos colaterais e mantendo a qualidade de vida.

 

O segundo passo já mais técnico, é a chamada “classificação de risco” do câncer de próstata, que será realizada pelo médico, e que está diretamente relacionada com as chances de cura, sobrevida e que direciona as opções de tratamento. Para essa classificação são utilizados: O tamanho e invasão do tumor, valor de PSA, o grau de diferenciação do tumor pela biópsia e presença ou ausência de metástases.

 

Considerando essas variáveis, o câncer de próstata poderá ser classificado em grupos de muito baixo risco, baixo risco, risco intermediário e alto risco.

Após essa classificação cada paciente é avaliado de forma individualizada, respeitando sua idade, antecedentes pessoais, disponibilidade de acesso aos tratamentos e seus desejos quanto aos resultados esperados, permitindo assim que decida junto com seu médico a melhor forma de tratamento, respeitando sempre sua decisão.

 

A seguir faço um breve comentário sobre as opções de tratamento disponíveis atualmente:

 

  • Podemos realizar a observação vigilante, indicada para pacientes de muito baixo risco. Nessa modalidade o paciente é acompanhado com exame de PSA, toque retal e biópsia de próstata em períodos pré-estabelecidos, avaliando a evolução do câncer. Caso as características do tumor permaneçam de bom prognóstico (sem evolução da doença), o paciente poderá ser apenas acompanhado, evitando os efeitos colaterais do tratamento.

 

  • A cirurgia continua sendo uma das principais opções para o tumor restrito à próstata. A prostatectomia com dissecção linfonodal é a ressecção completa da próstata, vesícula seminal e linfonodos. Atualmente as técnicas disponíveis são a cirurgia aberta, videolaparoscópica e a robótica. As três opções são equivalentes quanto ao resultado oncológico de cura, e a escolha baseia-se na habilidade do cirurgião com cada técnica.

 

  • Outra opção para doença localizada exclusivamente na próstata é a radioterapia externa ou a interna conhecida como braquiterapia. Essa técnica permite a emissão de radiação direcionada à próstata, combatendo diretamente as células tumorais, preservando os órgãos próximos, reduzindo assim os efeitos colaterais como inflamação da bexiga e do intestino.

 

  • Já a terapia de supressão androgênica que pode ser realizada combinada com radioterapia, baseia-se na diminuição dos níveis dos hormônios masculinos, inibindo o estímulo de crescimento das células neoplásicas da próstata. Esse tratamento pode ser realizado através de cirurgia de orquiectomia (retirada dos testículos) ou através de medicamentos.

 

As opções anteriormente apresentadas são todas indicadas para pacientes com doença restrita à próstata. Mas e quando o tumor se espalha para outros órgãos, mais conhecido como metástases, existe algo a se fazer?

A resposta é SIM e MUITO. Para esses pacientes tivemos os maiores avanços nos últimos anos. Desde 2012, foram aprovadas cinco novas medicações com aumento de sobrevida. Além da supressão androgênica realizada quando há presença de metástases, temos as opções de quimioterapias, novos antiandrógenos como abiraterona e enzalutamida, vacina sipuleucel T e um radio fármaco (Radium 223). Com todas essas opções, o tempo e a qualidade de vida dos pacientes atingiram níveis nunca antes alcançados.

Receber o diagnóstico de câncer de próstata não deve ser acompanhado do estigma de incurabilidade ou tratamentos sofridos. As diversas opções de terapias cada vez mais eficazes e com menos efeitos colaterais já é uma realidade atual, o que vai permitir o seu sucesso na luta contra esse tipo de câncer.