O linfoma, um tipo de câncer que se origina nos linfócitos, células do sistema imunológico, tem visto avanços significativos no diagnóstico e tratamento nos últimos anos. Essas inovações estão transformando a prática clínica, oferecendo aos pacientes opções mais eficazes e personalizadas.
Uma das áreas de maior progresso é o diagnóstico. A combinação de biópsia de medula óssea, tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT), testes genéticos e moleculares; permite uma classificação mais precisa dos subtipos de linfoma. Essa acurácia é fundamental, pois diferentes subtipos de linfoma têm diferentes evoluções, respondendo de maneiras distintas aos tratamentos.
O campo do tratamento foi revolucionado pela chegada das terapias-alvo, da imunoterapia, dos agentes imunomoduladores e dos anticorpos bi-específicos.
As terapias-alvo atuam em vias moleculares específicas, bloqueando o crescimento e a proliferação das células cancerosas com menos toxicidade às células saudáveis. Exemplos incluem os inibidores de BTK, inibidores de BCL-2 e inibidores de vias de sinalização específicas. Esses medicamentos, muitas vezes orais, oferecem uma alternativa com menos efeitos colaterais em comparação à quimioterapia tradicional.
Os agentes imunomoduladores apresentam boa eficácia ao modular o sistema imunológico e inibir o crescimento das células cancerosas. São utilizados em combinação com outros medicamentos e apresentam um bom perfil de tolerância, com baixos efeitos colaterais.
A imunoterapia, por sua vez, age estimulando o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater o câncer. Os inibidores de checkpoint imunológico (Anti-PD1) têm demonstrado eficácia notável em linfomas refratários ou recidivados.
Outra inovação revolucionária é a terapia com células CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-cell). Nesse tratamento, as células T do próprio paciente são coletadas, geneticamente modificadas em laboratório para expressar um receptor que as direciona especificamente para as células cancerígenas e, então, infundidas de volta no paciente. Embora ainda com acesso mais restrito devido à sua complexidade e custo, está disponível em centros especializados e representa uma esperança significativa para pacientes com poucas opções terapêuticas restantes.
Outra recente adição ao arsenal terapêutico são os anticorpos bi-específicos. Diferente dos anticorpos monoclonais tradicionais que se ligam a apenas um alvo, os anticorpos bi-específicos possuem “dois braços”: um se conecta a uma proteína presente na célula do linfoma (como o CD20 nas células B malignas) e o outro se liga a uma proteína nas células T do paciente (como o CD3). Ao fazer essa “ponte”, os anticorpos bi-específicos aproximam as células T do tumor, ativando o sistema imunológico para destruir as células malignas de forma mais direcionada. Esses medicamentos vêm mostrando resultados promissores em linfomas recidivados ou refratários representando uma alternativa a terapia CAR-T.
A participação em estudos clínicos é uma via importante para pacientes que podem se beneficiar de terapias experimentais promissoras ou que esgotaram as opções de tratamento padrão. A pesquisa clínica é um pilar fundamental para trazer as inovações para a prática clínica. A pesquisa tem se concentrado na combinação de diferentes classes de medicamentos, como quimioterapia com imunoterapia ou terapias-alvo. Essas combinações buscam sinergias que aumentam a eficácia do tratamento e superam mecanismos de resistência.
O futuro do tratamento do linfoma é promissor, com pesquisas contínuas explorando novas combinações de terapias, biomarcadores para prever a resposta ao tratamento e abordagens menos invasivas. A medicina personalizada é a chave, adaptando o tratamento às características genéticas e moleculares de cada tumor e ao perfil do paciente.










