Hoje, 4 de fevereiro de 2021, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Para nós, oncologistas e hematologistas do Grupo SOnHe, este dia parece “ser todo dia”. Mas é especificamente hoje, a data escolhida pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) para celebrar todo o esforço no combate, prevenção e conscientização do câncer. Essa campanha se renova anualmente desde o ano 2000, assumindo diversos temas desde então. Para os anos de 2019 a 2021 o tema da campanha (que durou excepcionalmente três anos) foi “eu sou e eu vou” (“I am and I will”). O objetivo é nos questionar sobre “quem somos” e “o que vamos fazer” na luta contra o câncer.

Para o triênio de 2020 a 2022, são esperados 600 mil novos casos de câncer no Brasil. Diante deste crescente número, é, sim, importante que saibamos responder estes questionamentos feitos na campanha hoje celebrada. Felizmente, o tratamento do câncer evoluiu de maneira substancial nos últimos dez anos. O refinamento das técnicas de cirurgia e radioterapia, assim como o advento e a definitiva implementação de novos fármacos como a terapia alvo e a imunoterapia, trouxeram ganhos inimagináveis aos pacientes. Entretanto, é sabido que o acesso a todos esses recursos ainda não é uniforme. O financiamento de tais tecnologias é tema perene de discussão e ainda é insuficiente para garantir o tratamento ideal e no tempo adequado para todos os pacientes.

Ainda que a ciência tenha evoluído no tratamento do câncer, sabemos que o correto é investir e incentivar políticas de rastreamento e prevenção primária, visando a intervenção em lesões precursoras de câncer e o diagnóstico no estágio mais precoce possível. Neste quesito, ainda estamos muito aquém do que desejamos para o Brasil. Infelizmente, nossos programas de rastreamento são escassos e têm cobertura, abrangência e eficiência muito heterogêneas a depender da região de nosso país. Por tal motivo, ainda temos taxas elevadas de câncer colo de útero por exemplo, mesmo que este seja um câncer totalmente prevenível.

Mas afinal, quem somos nós e o que estamos fazendo contra o câncer?

Neste dia Mundial de Combate ao Câncer é necessário que façamos parte desta batalha que começa muito antes do diagnóstico e que agora enfrenta um desafio ainda maior com a pandemia da COVID-19. É necessário estimular uma rotina de hábitos mais saudáveis, além do combate ao tabagismo, ao alcoolismo e ao sedentarismo e obesidade (fatores de risco que muitas vezes passam despercebidos). É preciso difundir informações confiáveis e de qualidade sobre o câncer em geral, buscando desmitificá-lo e estimular sua prevenção. É também importante a cobrança pelo acesso uniforme às tecnologias envolvidas no tratamento do câncer. Por fim, é de suma importância que os pacientes sejam estimulados a manter a investigação, acompanhamento e tratamento oncológico. Finalizo parafraseando um dos slogans da campanha que hoje celebramos: “juntas, todas as nossas ações importam”. Que mesmo na pandemia, façamos diariamente o esforço para a prevenção e combate ao câncer.