Recentemente, noticiários surpreenderam muitos com a divulgação da cura de um paciente com câncer de próstata avançado. O tratamento? Um intrigante aumento controlado da temperatura do cérebro, visando estimular proteínas de choque térmico.

Esta surpreendente proposta tem suas raízes na pesquisa do Dr. Marcio Aurelio Martins (Marc) Abreu. Em 2003, ele falou sobre o “túnel término do cérebro”, que supostamente permitiria ajustar a temperatura cerebral de forma não invasiva. De início, Abreu vislumbrou isso como uma potencial solução para doenças neurodegenerativas. Parecia promissor, mas algo não se encaixava.

Assim que a comunidade médica e científica tomou conhecimento, surgiram dúvidas legítimas. Onde estavam os estudos publicados? E as evidências sobre eficácia, segurança e possíveis efeitos adversos? Silêncio.

E aqui estamos em 2023, e mais uma vez os holofotes estão voltados para o Dr. Abreu, agora com uma promessa renovada: curar um paciente de 66 anos com câncer de próstata avançado. Desta vez, a proposta vai além do simples aumento da temperatura cerebral, prometendo erradicar células-tronco cancerígenas e neutralizar moléculas sinalizadoras. Fascinante, mas igualmente envolto em mistério. Continuamos sem ver artigos científicos que confirmem estas afirmações, mecanismos claros de ação ou possíveis efeitos adversos.

O que se pode afirmar, até o momento, é que, no mundo da medicina, promessas sem provas são, no mínimo, problemáticas. Antes de aceitar tais alegações como verdadeiras, a ciência exige evidências concretas. Estamos todos esperando.