Com a crescente longevidade da população mundial, os casos de câncer também aumentam, conforme destaca a OMS. Há estudos que mostram que atividades físicas podem diminuir o risco de morte por várias causas: 15% para todas as causas, 14% para câncer e 19% para doenças cardiovasculares. Surpreendentemente, algumas pesquisas destacam a musculação como uma atividade capaz de reduzir a incidência destas doenças, de forma independente de atividades aeróbicas. Contudo, é preciso cautela: muitos destes estudos se baseiam em amostras populacionais reduzidas, o que pode introduzir vieses significativos.

Quando focamos em pacientes oncológicos, a busca por medidas não farmacológicas, como a atividade física, tem ganhado espaço. Revisões de literatura, incluindo estudos randomizados, têm investigado os benefícios dos exercícios para aliviar sintomas. A boa notícia é que sintomas como fadiga, dores e insônia parecem melhorar com exercícios. A musculação, em particular, tem mostrado maior benefício neuromuscular e anti-inflamatório. No entanto, precisamos entender mais sobre a relação entre o tipo, duração e intensidade destes exercícios. E, infelizmente, as análises clínicas sobre estas relações ainda são escassas.

Já pacientes com neoplasias avançadas frequentemente enfrentam sarcopenia (perda de massa muscular), que impacta no prognóstico, resposta ao tratamento e recuperação após cirurgias. A sarcopenia é tão relevante que a OMS a reconheceu como uma doença em 2019, afetando entre 8% a 13% da população acima dos 60 anos. A musculação, que favorece o ganho de massa muscular, parece trazer benefícios para esses pacientes. Entretanto, basear tais afirmações em estudos observacionais, e não clínicos, é como andar em terreno movediço. Precisamos de pesquisas mais robustas para trazer certezas.

Em resumo, enquanto há indicações promissoras de que atividades físicas podem melhorar a qualidade de vida, especialmente em pacientes oncológicos, ainda precisamos de uma base de evidência mais sólida. Estimular a individualização dos exercícios para cada tipo de neoplasia parece sensato, mas sempre ancorados em dados concretos.