O câncer de pele é a neoplasia mais frequente no Brasil e corresponde a 30% de todos os tumores malignos. Como a pele é heterogênea, o câncer de pele pode apresentar tumores de diferentes linhagens. Os mais frequentes são o carcinoma basocelular e o carcinoma epidermoide.

O melanoma representa 4% de todos os tumores de pele, mas é o mais agressivo por ter alta possibilidade de metástases (se espalhar pelo corpo). O melanoma se origina nos melanócitos, células da pele que produzem melanina, substancia que determina a cor da pele. É mais comum em adultos de pele branca, após os 40 anos e pode acometer qualquer local da pele ou mucosas, além de raramente, ocorrer na coroide, estrutura que fica dentro dos olhos. Nos indivíduos de pele negra o melanoma é mais comum nas áreas mais claras como palmas das mãos e plantas dos pés.       

No Brasil, os dados do INCA, estimam cerca de 9.000 casos novos em 2023 com 2.000 mortes no ano. Sendo as maiores incidências nos estados das regiões Sudeste e Sul. 

Há pouco tempo, os tratamentos contra o melanoma eram pouco eficazes e muito tóxicos com a quimioterapia sendo quase a única opção. A mudança ocorreu em 2010, com a apresentação dos resultados do primeiro estudo com imunoterapia, com uma medicação chamada Ipilimumab. Resumindo: uma medicação que conseguia ativar o nosso sistema imunológico permitindo ao próprio organismo “enxergar” melhor as células tumorais e, assim, ativar os linfócitos (nossas células “soldados”) para atacar o câncer. Hoje, existem vários outros medicamentos com mecanismos de ação parecidos, além do ANTI-CTLA4, temos os ANTI- PD1, ANTI-PDL1, ANTI -LAG, e outros vem surgindo, além da possibilidade de combinação com esses agentes. Foi uma mudança de paradigma na Oncologia.           

O aparecimento do melanoma

O desenvolvimento do melanoma também pode estar relacionado à ativação de um gene chamado BRAF. Este gene deveria estar desativado (como um interruptor que deveria estar desligado), mas que em algum momento se ativa (se liga!), ocasionando a proliferação de células tumorais e crescimento do tumor. Cerca de30 % dos pacientes com melanoma tem mutação do BRAF. Para aqueles pacientes que tem essa mutação, existem medicamentos que são inibidores de BRAF, portanto, que tentam frear a ação desse gene.

Mas, investir em prevenção ainda é o caminho mais eficiente, visto que o melanoma é um câncer associado à exposição solar e, portanto, pode ser, na maioria das vezes, prevenido. O uso recorrente de protetor solar, que deve ser passado diariamente e repassado a cada 2-3 horas, mesmo em dias pouco ensolarados. Uso de roupas mais longas, chapéus e evitar o sol nos períodos de maior incidência de radiação UV, entre as 9h e 16h são medidas simples que podem evitar um dos piores tipos de câncer. 

Diagnóstico precoce

Outra coisa muito importante é o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor o tumor, maiores as chances de cura. Para isso, é importante a visita regular a um dermatologista, especialmente para aquelas pessoas de pele clara ou com manchas crônicas pelo corpo. Mas cada pessoa também pode examinar e observar sua pele e suas manchas. 

Pode-se usar a regra do ABCDE para alertar sobre as manchas que devem ser melhor observadas: A= assimetria | B =bordas irregulares | C= cores de vários tons e heterogêneas | D=diâmetro maior 6mm | E=evolução com crescimento ou mudanças de aspecto.  Manchas ou lesões de pele que tenham essas características devem ser avaliadas por um dermatologista.

O melanoma é um dos tumores mais agressivos! Deve-se investir em prevenção e diagnóstico precoce. O tratamento ganhou, nos últimos anos, importantes medicamentos de grande eficácia, mas também de alto custo, sendo muitos deles não disponíveis no SUS. Todas as pessoas devem sempre examinar o próprio corpo em busca de manchas que tenham características de alerta.  O melanoma continua sendo o bicho-papão dos tumores de pele e talvez de todos os tumores.