M 158.05Há alguns dias, esteve em evidência na mídia o caso de um paciente com câncer há 13 anos que apresentou resposta ao tratamento com CAR-T Cell. Células CAR-T (linfócitos T com receptores antigênicos quiméricos), uma opção inovadora no tratamento de alguns tipos de cânceres, já está disponível no Brasil.

Os linfócitos são um dos tipos de glóbulos brancos do nosso sistema imune que reconhecem antígenos na superfície celular de agentes externos, infecciosos e tumorais, produzindo anticorpos para combater estes invasores e defender o nosso organismo. As células CAR-T são linfócitos retirados do próprio paciente, através da coleta por uma máquina de leucoaférese, que passam por um processo em laboratório de modificação genética que lhes confere a capacidade de, ao serem reintroduzidos no corpo do paciente, reconhecer e eliminar as células tumorais. É um tratamento que traz benefícios para os pacientes com respostas potencialmente duradouras e até mesmo curativas para doenças até então sem opções terapêuticas.

Há duas formas de CAR-T Cell no Brasil; o CAR-T farmacêutico comerciais e o CAR-T acadêmico.

Os CAR-T farmacêuticos foram aprovados pela Anvisa e são produzidos por empresas farmacêuticas que os comercializam. Atualmente são feitos para pacientes com linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B e leucemia linfoblástica aguda B (LLA-B) recidivados ou refratários. Espera-se ainda a aprovação em breve de CAR-T para pacientes com outros tipos de linfoma não Hodgkin e com mieloma múltiplo. O custo da CAR-T comercial é alto, podendo chegar a R$ 2 milhões por paciente.

Os CAR-T acadêmicos estão sendo desenvolvidos em parceria do Butantã com a Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e de São Paulo) e o Hemocentro de Ribeirão Preto. São feitos para pacientes com linfomas não Hogkin B e LLA-B. Atualmente, são realizados em forma de uso compassivo, porém estão desenvolvendo um estudo clinico fase 1/2 a ser iniciado em breve. Este estudo estaria disponível para toda a população brasileira pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Essas novas terapias transformam a oncohematologia, conferindo um melhor prognóstico, expectativa e qualidade de vida aos pacientes. Com o tempo e o andamento das pesquisas saberemos melhor como trabalhar com essa estratégia promissora.