O câncer do sistema nervoso central (SNC) resulta do crescimento anormal e desordenado das células do cérebro, medula espinal e meninges. Sua incidência é maior entre os 75 e 84 anos de idade, porém histologias como tumores de células germinativas, meduloblastomas e astrocitoma pilocíticos são mais comuns em crianças.1,2

Representam 1,4 a 1,8% de todos os tumores malignos do mundo, conforme o INCA, o qual estima que para cada ano de 2023 a 2025 sejam diagnosticados no Brasil 11.490 novos casos, sendo 6.110 em homens e 5.380 em mulheres.

Entre 1975 e 1987, houve aumento na incidência dos tumores de SNC, o qual se estabilizou entre 1991 a 2006. Entretanto, o número de casos de glioblastoma aumentou, com a sobrevida apresentando taxas discretas de melhora.

A classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) dos tumores de SNC é baseada na histologia e celularidade: astrocitoma IDH mutante, oligodendroma IDH mutante e 1p/19q codeletado e glioblastoma IDH selvagem. O uso da classificação molecular tornou-se relevante pois permitiu a inclusão de pacientes em ensaios clínicos baseados no perfil genético do tumor. 3

O principal fator de risco é a radiação ionizante exógena para tumores em SNC em crianças. Outros fatores associados, porém, com relação inconclusiva são exposição ao citomegalovírus e o contato com substâncias químicas (N-nitrosaminas, solventes orgânicos, pesticidas). 1,2

A maioria dos casos são esporádicos, mas acredita-se que 2% são síndromes hereditárias (neurofibromatose tipo 1 e 2, síndrome de von-Hippel-Lindau, síndrome de Li-Fraumeni). 1,2

Os principais sinais e sintomas apresentados pelos pacientes com tumores do SNC são cefaleia, com predominância de 50%, convulsões, alterações comportamentais, fadiga, náuseas, vômitos, desequilíbrios e alterações cognitivas, alteração na memória e tromboembolismo venoso. 1,4,5

O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem como ressonância magnética, padrão ouro, tomografia computadorizada, espectroscopia por ressonância magnética, cintilografia de perfusão de sistema nervoso central e PETCT (apenas para tumores como glioblastomas, linfomas, oligodendrogliomas e meningiomas malignos). 4

O tratamento consiste na ressecção cirúrgica, com objetivo de estabelecer a histologia da lesão, reduzir o efeito de massa e realizar ressecção completa quando possível ou o maior volume para maior eficácia dos tratamentos como radioterapia e quimioterapia, que são geralmente indicadas como tratamento adjuvante nos tumores primários de sistema nervoso central, visando retardar recidiva e prolongar sobrevida. 4.

Importante ressaltar que a eficácia do tratamento dos tumores de sistema nervoso central depende do manejo multidisciplinar.

 

Referências:

  1. Devita, V., Lawrence, T. & Rosenberg, S. Cancer: principles & practice of Oncology.
  2. Niederhuber, J., Armitage, J., Doroshow, J., Michael, K. & Tepper, J. Abeloff’s: Clinical Oncology.
  3. Gritsch, S., Batchelor, T. T. & Gonzalez Castro, L. N. Diagnostic, therapeutic, and prognostic implications of the 2021 World Health Organization classification of tumors of the central nervous system. Cancer 128, 47–58 (2022).
  4. Central Nervous System Cancers. J. Natl. Compr. Cancer Netw. 6, 456–456 (2008).
  5. Nabors, L. B. et al. NIH Public Access. 11, 1114–1151 (2014).