O câncer de testículo é uma neoplasia rara e representa cerca de 5% de todos os casos de câncer em homens. Na grande maioria, quando diagnosticados no início, as chances de cura são muito elevadas. E, exatamente por isso, muitas vezes deixamos de falar ou nos preocupar com ele. Mas mesmo tendo altas taxas de cura, não podemos nos enganar! O câncer de testículo pode matar ou deixar sequelas por toda vida.

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que existem diferentes tipos de câncer de testículo. Seminoma, carcinoma embrionário, teratoma, tumor de saco vitelino: são apenas alguns exemplos. Cada um deles tem características diferentes, o que pode levar a necessidades de tratamentos também diferentes.

Os sintomas podem ser muito vagos ou frustos, como um pequeno incômodo em um dos testículos, aumento de tamanho e volume, sensação de peso. Dor geralmente não é muito comum e, quando acontece, costuma ser de fraca a moderada intensidade. Por serem sintomas relativamente leves e, às vezes, de progressão lenta, pode levar a um atraso no diagnóstico.

Outro aspecto importante é que não são neoplasias muito preveníveis, uma vez que não estão associadas a fatores externos e, sim, a algumas condições do próprio paciente.  Um dos fatores relacionados a um maior risco de câncer de testículo é a chamada criptorquidia (fato da criança nascer com um ou os dois testículos dentro da cavidade abdominal e não dentro da bolsa escrotal). Não existem muitos outros fatores bem estabelecidos como causadores desse câncer.

Também é importante nos atentarmos ao fato de que esse tipo de tumor é mais comum em homens jovens: entre os 20 e 30 anos. E, nessa faixa etária, outras doenças benignas com inflamações do testículo ou torções de testículo são muito mais comuns.

O diagnóstico pode ser sugerido por exames de imagem como ultrassom da bolsa escrotal e por exames de sangue que podem mostrar aumento de proteínas que são produzidas por células tumorais. Mas o diagnóstico definitivo é dado pela análise direta do testículo doente pelo patologista, após cirurgia. Aqui, dois pontos são cruciais. Primeiro: quando a suspeita é de câncer de testículo, geralmente não é indicado fazer biopsia e, sim, ir direto para cirurgia, chamada orquiectomia (retirada do testículo). Segundo: a cirurgia é o tratamento mais importante e que cura uma grande parte dos casos. Dependendo do tipo e da extensão do tumor, apenas a cirurgia será necessária.

Outros tratamentos podem ser necessários, em alguns casos, como quimioterapia e radioterapia, principalmente se o tumor já tiver se espalhado para outros órgãos. Os principais órgãos acometidos são os pulmões, os linfonodos, o fígado e os ossos. Diferente de outros canceres, cuja chance de cura quando as células tumorais já se espalharam pelo corpo é pequena, no caso das neoplasias testiculares, mesmo com metástase (doença espalhada), a chances de cura são altas.

Embora os tratamentos sejam altamente curativos podem trazer sequelas por toda a vida. Uma grande parte dos pacientes são jovens, por volta da segunda ou terceiras décadas de vida, e muitos ainda não tiveram filhos. Um tratamento de quimioterapia nessa faixa etária, principalmente associado à necessidade da retirada de um dos testículos, tem grandes chances de provocar infertilidade. Por isso os pacientes precisam ser sempre orientados sobre esses riscos e, quando desejarem, fazer congelamento de espermatozoides para uma possível fertilização in vitro no futuro, caso necessária.

Outro aspecto importante é que tumores de características semelhantes aos tumores de testículo, chamados de tumores germinativos, podem acometer outras áreas do corpo, não apenas os testículos. Podem aparecer dentro da cavidade abdominal ou mesmo no tórax. Essas neoplasias germinativas também podem acometer mulheres.

A prevenção e o diagnóstico precoce sempre são o melhor caminho. Saber reconhecer mudanças no seu corpo, valorizar qualquer alteração – por mais simples que possa parecer – e ter consultas regulares com um médico são recomendados. As meninas, assim que chegam na puberdade, são frequentemente levadas a uma consulta com o ginecologista. O mesmo não acontece com os meninos, que deveriam também nessa faixa etária passarem por avaliações com um urologista ou hebiatra (medico especialista nos cuidados de adolescentes).

O mês de abril é reconhecido como o Abril Lilás para conscientização do câncer de testículo e é importante frisar que, embora considerado por muitos um câncer “bonzinho”, ele também pode matar se não diagnosticado precocemente.