Lorena Bedotti

CRM: 158.055

 

A medula óssea, também conhecida como tutano, fica localizada dentro dos nossos ossos e é responsável por fabricar todos os elementos do nosso sangue. Nela encontramos as células-tronco hematopoiéticas que são capazes de se diferenciar nos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável.

O transplante pode ser:

  • Autogênico, quando as células-tronco hematopoéticas vem do próprio paciente.
  • Alogênico, quando células-tronco hematopoéticas vem de um doador.

As células hematopoiéticas podem ser obtidas pela coleta da medula óssea, pelo sangue por meio de um procedimento chamado aférese e do sangue de cordão umbilical.

O TCTH é um tratamento potencialmente curativo para:

  • Algumas neoplasias hematológicas: leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, etc.
  • Distúrbios benignos da medula óssea: anemia falciforme, anemia aplásica, talassemia, etc.
  • Neoplasias oncológicas: tumor de células germinativas, neuroblastoma.
  • Imunodeficiências congênitas.
  • Doenças autoimunes: esclerose sistêmica, esclerose múltipla.
  • Erros inatos do metabolismo.

Para alguns casos, o transplante é indicado no início do tratamento. Em outros, será uma opção quando os primeiros tratamentos não apresentarem resultado.

No caso do transplante alogênico, para minimizar os riscos, uma vez que é um procedimento complexo, há necessidade de um preparo do paciente e uma seleção adequada do doador.

No transplante de medula, a rejeição é relativamente rara, mas pode acontecer. Os principais riscos se relacionam às infecções, às toxidades às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento e, no caso dos transplantes alogênicos, a doença do enxerto contra hospedeiro (DECH).

 

Mas o que é a DECH?

Com a recuperação da medula após o transplante, as novas células crescem e passam a agir na defesa do organismo, podendo reconhecer alguns órgãos do indivíduo como estranhos e começar a atacá-los gerando uma série de complicações. É uma complicação relativamente comum, de intensidade variável e pode ser tratada com medicamentos adequados.

Pacientes com indicação de transplante alogênico iniciam a busca do doador entre os membros da família. Irmãos têm a maior chance de serem 100% compatíveis. Caso não apresente doador aparentado compatível pode-se encontrar um doador não aparentado no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Pessoas saudáveis, com 18-35 anos, sem doenças infecciosas, incapacitantes, neoplasias, doenças hematológicas ou autoimunes podem se cadastrar nos bancos de sangue/ Hemocentros para serem doadores não aparentados no REDOME e, assim, ajudar esses pacientes a aumentarem suas chances de cura. Nesta etapa de cadastro há somente a coleta de uma amostra de sangue.

Como ocorre a doação efetiva?

A doação de medula pode ocorrer de duas formas: na primeira o doador é anestesiado em centro cirúrgico e são realizadas punções no osso da bacia para retirada da medula; na segunda forma, o doador injeta um medicamento que estimula a produção de células da medula que serão então retiradas pelas veias dos braços pelo procedimento chamado aférese. Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em cerca de 15 dias.

Apesar de ser um tratamento complexo, de alta demanda e com riscos, o TCTH é ainda indicado por ser a melhor chance de cura para diversas doenças.

 Seja um doador de medula!

 Em Campinas o cadastro da medula pode ser feito no Hemocentro da Unicamp. O telefone para informações é 0800 722 8432.