Atividade física é qualquer movimentação do dia a dia que resulte em estímulo dos músculos e gasto energético, como andar, correr ou subir escadas. Já exercícios físicos são práticas programadas, com sequência de movimentos que buscam um objetivo concreto, seja ligado à saúde ou à estética (ou aos dois). Ou seja, todo exercício é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício. “Ser fisicamente ativo pode adicionar anos à vida e vida aos anos”, disse Tedros Adhanom, diretor geral da OMS.
Em 2020, a OMS atualizou suas diretrizes sobre atividade física. Baseada em evidências científicas dos últimos anos, orienta que adultos (18 a 65 anos) façam semanalmente atividade física aeróbica de intensidade moderada de 150 a 300 minutos ou de 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica intensa, quando não houver contraindicação.
O guia atual reforça que o comportamento sedentário pode afetar negativamente a saúde. A ideia é quebrar longos períodos de inatividade. As dicas vão desde falar no celular andando até trocar a escada rolante pela normal. Todo movimento conta e quanto mais, melhor.
Para benefícios adicionais, o indivíduo pode aumentar o tempo e fazer atividades que envolvam todos os principais grupos musculares em intensidade moderada ou alta, pelo menos dois dias da semana. O manual contempla recomendações específicas a indivíduos com doenças crônicas, como o câncer. Estes, devem começar fazendo pequenas quantidades e aumentar gradualmente a frequência, intensidade e duração.
Os idosos (acima de 65 anos), devem ser tão ativos fisicamente quanto sua capacidade funcional permitir. Devem realizar atividades que enfatizem equilíbrio e treinamento de força em três ou mais dias da semana, aumentando a capacidade funcional e prevenindo quedas.
Relação entre atividade física e câncer
Desde 1990, aumentaram as pesquisas que avaliam a associação entre atividade física e câncer. As evidências sugerem que a atividade física pode reduzir o risco de desenvolver alguns cânceres, além de auxiliar os sobreviventes do câncer a se recuperarem dos tratamentos, estender a sobrevida e reduzir o risco de recidiva ou surgimento de novo tumor primário.
A prática de atividade física para sobreviventes do câncer é segura, inclusive quando praticada durante o tratamento oncológico (quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal ou outros). Devem ser consideradas as particularidades de cada tipo de câncer, contraindicações e possíveis efeitos adversos causados pelo tratamento ao recomendar a prática.
O relatório do Comitê Consultivo para as diretrizes estadunidenses de atividade física (PAGAC, 2018), classificou como forte a evidência de proteção da atividade física em relação aos seguintes cânceres: bexiga, mama, cólon, endométrio, esôfago, estômago e rim. Vale destacar que a atividade física é eficaz para diminuir a adiposidade corporal, sendo que o sobrepeso e a obesidade estão associados a, pelo menos, uma dezena de tipos de câncer.
Mesmo que não se atinja o tempo recomendado, a prática regular reduz o risco de desenvolver câncer e a mortalidade por câncer, além de trazer outros benefícios para a saúde, como a diminuição da mortalidade por todas as causas, mortalidade por doenças cardiovasculares, incidência de hipertensão, incidência do diabetes tipo 2, melhora a saúde mental (redução dos sintomas de ansiedade e depressão), a saúde cognitiva e o sono.
Devem ser consideradas preferências, disponibilidade de tempo e local apropriado para a prática. As possibilidades são muitas, desde aquelas que fazemos no dia a dia, como caminhar, andar de bicicleta, dançar, passear com o animal de estimação e praticar esportes recreativamente, até aquelas mais sistematizadas, como musculação.
Nesse sentido, a prática de atividade física deve ser estimulada como um hábito, ou seja, deve ser incorporada na rotina das pessoas. É fundamental na prevenção e controle do câncer, assim como para a saúde de uma forma geral. MOVIMENTE-SE. Descubra a atividade com a qual mais se identifica e procure orientação sempre que optar por atividades físicas intensas.
Referências:
– Diretrizes da OMS para atividade física e comportamento sedentário, 2020.
– Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia de Atividade Física para a População Brasileira [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
– ROCK, C. L. American Cancer Society guideline for diet and physical activity for cancer prevention. CA: A Cancer Journal for Clinicians, 2020.
– THE LANCET. Editorial. A sporting chance: physical activity as part of everyday life. v. 398, n. 10298, p. 365, 2021.
– Relatório do Comitê Consultivo para as Diretrizes Estadunidenses de Atividade Física (PAGAC, 2018).