Julho Verde é o mês de conscientização e prevenção do câncer de cabeça e pescoço. Este tipo de câncer compreende todos os tumores que têm origem na boca (cavidade oral), nariz (nasofaringe, cavidade nasal e seios paranasais), garganta (orofaringe, hipofaringe, laringe), tireoide e nas glândulas salivares. No Brasil, é o terceiro câncer mais frequente nos homens e nas mulheres (quando somados, o câncer de boca, garganta e glândula tireoide). Aproveitando o momento, vamos responder algumas perguntas importantes sobre o tema:

Existem formas de prevenir?

Para reduzir as chances de desenvolver qualquer tipo de doença é necessário evitar a exposição aos fatores de riscos. Em alguns cânceres, os fatores para seu desenvolvimento não podem ser evitados, como é o caso da idade ou predisposição genética. Quando falamos do câncer de cabeça e pescoço, com exceção ao câncer de tireoide, os seus fatores de risco podem ser evitados. As formas de prevenção são:

– Evitar o tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

– Usar preservativo durante o ato sexual.

– Tomar a vacina contra o HPV.

– Manter alimentação equilibrada.

– Realizar higiene oral.

 

Quais são os sintomas da doença?

Os sintomas relacionados ao câncer dependem do local que ele tem origem. Na fase inicial, a maioria dos casos é uma doença silenciosa e não causa nenhum sintoma, por isso a importância de consultas regulares com dentista ou médico. Com o crescimento do tumor surgem os principais sintomas como:

– Rouquidão ou alteração na voz.

– Dificuldade/dor para engolir.

– Feridas persistentes na boca.

– Emagrecimento sem causa definida.

– Nódulo no pescoço.

– Dor de ouvido ou na cabeça.

– Tosse persistente.

 

Quais são os vilões para o desenvolvimento deste tipo de câncer?

Temos três vilões bem reconhecidos. Em primeiro lugar, está o tabagismo. O cigarro é a maior causa evitável de morte no mundo e para o câncer de cabeça e pescoço não é diferente. As pessoas que fumam têm o risco que varia de 5 a 25 vezes maior do que os não fumam. É importante reforçar que a inalação do tabaco, por cachimbo ou narguilé, e o hábito de mascar fumo também aumentam o risco desse câncer.

Em segundo lugar está o uso abusivo de bebidas alcoólicas. Este hábito pode aumentar o risco desse tipo de câncer em 5 a 6 vezes, a depender da quantidade ingerida durante a vida. Quando associado ao tabagismo, o risco aumenta ainda mais.

Em terceiro lugar, mas cada vez mais importante, está a infecção pelo HPV. É o mesmo vírus que pode causar o câncer de colo de útero, vagina, vulva, anus e pênis.  Sua relação é mais importante com o câncer de orofaringe (garganta), sendo o subtipo HPV 16 o maior vilão. O câncer relacionado com o HPV apresenta algumas diferenças comparado aos relacionados ao cigarro e bebidas alcoólicas, geralmente ocorre em pessoas mais jovens, os tumores primários são menores e apresentam maiores chances de cura. Uma das formas de contaminação é o sexo oral desprotegido, por isso a importância do uso de preservativo durante essa prática sexual. Outra forma de prevenção é a vacinação.  No Brasil, as indicações para a vacinação pelo Ministério da Saúde são para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14.

 

Como é feito o diagnóstico?

No Brasil por volta de 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos já em estágios avançados em razão da falta de informação das pessoas sobre a doença. O diagnóstico tardio aumenta a possibilidade de sequelas e diminui as chances de cura.  Quando descoberto em fase inicial, as chances de cura são de aproximadamente 90%. Para o diagnóstico é preciso realizar uma avaliação da cavidade oral e exames de imagens (tomografia ou ressonância). Mas para a confirmação será sempre necessária uma biópsia.

 

Quais são os maiores avanços no tratamento do câncer de cabeça e pescoço nos últimos anos?

Grandes avanços foram atingidos no tratamento do câncer de cabeça e pescoço nos últimos anos. Basicamente, temos três formas de combater esse tipo de tumor: cirurgia, radioterapia e terapia sistêmica (quimioterapia, anticorpos monoclonais e imunoterapia). Na cirurgia, a incorporação da cirurgia robótica possibilitou procedimentos menos invasivos e com menores sequelas. Na radioterapia, as novas técnicas trouxeram maior precisão de tratamento nas áreas acometidas pelo tumor, possibilitando maiores doses e poupando os tecidos e órgãos saudáveis. Na Oncologia, tivemos a aprovação da imunoterapia para os pacientes com metástases ao início do tratamento. Estes medicamentos estimulam o sistema imune a combater as células tumorais, proporcionando aumento no tempo de vida associado a menores efeitos colaterais.