Vacinas estão salvando vidas. Há muitas décadas. E a imunização tem sido primordial para conseguirmos, aos poucos, vencer a batalha contra a COVID-19 e várias outras doenças. Entretanto, a absurda campanha antivacina de partes da sociedade tem trazido de volta fantasmas como o sarampo, a gripe e, possivelmente, a COVID-19 novamente.

No dia 9 de junho é celebrado o Dia Mundial da Imunização. O foco da campanha é conscientizar a população da necessidade de manter a carteira vacinal atualizada. Na atualidade, apesar da vacinação contra a COVID-19 ainda ser a prioridade, devemos lembrar que várias outras doenças têm vacinas direcionadas, mesmo em adultos vacinados na infância.

As vacinas protegem contra a ocorrência de diversas doenças infecciosas, desde a poliomielite, que pode deixar pessoas sem movimentos, até a pneumonia, que pode levar pessoas, principalmente idosos, à morte. Não só isso, temos também as vacinas que podem prevenir o câncer, no caso, a do HPV evita tumor de colo do útero. Muitas patologias foram erradicadas, como a varíola e a poliomielite, enquanto outras – como a gripe, o tétano e a coqueluche – tiveram seu impacto na saúde da população consideravelmente reduzido (>90%) e são doenças controladas atualmente.

O ato de vacinar é importante não só para a pessoa vacinada, mas também para a população em geral de um país. O freio da contaminação por doenças infecciosas reduz a mortalidade da população em geral, principalmente daqueles considerados como grupos de risco. Inclusive, existem pessoas que não podem ser vacinadas por alguma doença que contraindica, ou que ainda não têm idade (recém-nascidos); essas pessoas talvez sejam as mais beneficiadas pela vacinação em massa de quem pode. Não só isso, a vacinação permite que mantenhamos uma vida normal, sem lockdowns, já que reduz a mortalidade e a gravidade das doenças.

Infelizmente, alguns dados recentes mostram que a cobertura vacinal para várias doenças tem caído, chegando a níveis que não se via há muitas décadas. Isso tem levado a um recrudescimento de casos e também a mortes. Um dos motivos é a própria pandemia, mas também há um número crescente de pessoas contrárias às vacinas, ou seja, que não acreditam na ciência. Essa situação é muito perigosa.

Sobre a COVID-19, a vacinação modificou o panorama da doença no mundo, levando a um melhor controle dos sistemas de saúde e do número de mortes, apesar de picos de casos. Isso foi corroborado com a experiência em diversos países, com todas as vacinas aprovadas pela OMS. Hoje, temos quase 80% da população com duas doses, mas ainda um número baixo, menos de 60%, com doses de reforço. Isso é preocupante, já que temos observado um aumento de casos nas últimas semanas e os mais afetados com gravidade são aqueles não vacinados ou pessoas com mais de seis meses da última dose de reforço.

Uma atenção especial deve ser dada à vacina contra o sarampo. A cobertura vacinal está baixíssima, de 30%, sendo que o alvo é de 95%. Em 2016, o Brasil tinha recebido o selo da Organização Pan-americana de Saúde de território livre de sarampo. É preciso lembrar que esta vacina é dada há muitas décadas, com altíssimas eficácia e segurança. A falta da vacinação tem ocasionado ressurgimento de casos de sarampo (40.000 de 2018 a 2021), uma doença potencialmente grave e até fatal para as crianças (40 mortes de crianças, no mesmo período).

Além dela, a vacina da gripe (influenza) é de grande importância nesse período de inverno, já que o quadro pode ser confundido com COVID-19 e causar transtornos ao paciente e à sociedade. A cobertura vacinal também não atingiu seu objetivo, atualmente rondando os 30-40%.

Criado há 47 anos, o Programa Nacional de Imunização do Brasil é uma das referências mundiais da área, já que atinge uma população de mais de 200 milhões de habitantes de forma gratuita e eficiente.

Atualmente, são 18 as vacinas disponibilizadas para crianças e adolescentes. No caso de adultos, as principais são a de febre amarela, a dupla adulto (difteria e tétano, renovada a cada 10 anos), a de hepatite B e a de sarampo-caxumba-rubéola (as duas últimas caso não tenha sido vacinado na infância).

Devemos reforçar que qualquer uma das disponíveis no país são eficazes e seguras. Todas já foram testadas e aprovadas cientificamente.

As contraindicações são poucas e, caso tenha dúvida, pergunte ao seu médico. Porém, geralmente apenas pessoas com deficiências muito específicas ou alergias a componentes das vacinas não podem tomá-las.

No site https://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/pni/ todos podem consultar o calendário nacional de vacinação e checar quais vacinas devem ser atualizadas. Leia, converse com seu médico e VACINE-SE E VACINE SEUS FILHOS! Proteger um é proteger todos! V

 

https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/saude/audio/2022-06/sarampo-cobertura-vacinal-nao-chegou-nem-30-das-criancas

https://www.oncnet.com/meeting/14/meeting-materials?field_abstract_value=&field_material_type_target_id=All