Histórico no Mundo
O termo Terapia Ocupacional surgiu no início do século XX, e deve-se a um arquiteto americano, George Barton, que foi o impulsionador de uma instituição, localizada em Clifton Springs (New York), onde as pessoas eram reeducadas por meio da ocupação, de modo a readquirirem um sentido para a vida. Foi aí que a Terapia Ocupacional se desenvolveu formalmente como profissão.
Início nos EUA
A primeira pessoa a criar um curso de treinamento que poderia ser identificado como precursor da profissão de Terapia Ocupacional foi Susan Tracey, enfermeira-chefe do Adams Nervine Hospital de Boston (EUA), em 1906. Paralelamente, em 1908, na Chicago School of Civics and Philanthropy, iniciou-se um curso de treino ocupacional para preparar enfermeiras destinadas a trabalharem em instituições de saúde mental. E foi também nesta altura que se começaram a estruturar os fundamentos do que seriam utilizados pelo arquiteto George Barton como conceito de Terapia Ocupacional. É na altura da Primeira Grande Guerra (1914-1918) que a fisioterapia e a Terapia Ocupacional começam a existir como profissão.
Em 1915, foi criada a primeira escola para lecionar Terapia Ocupacional em Chicago, nos Estados Unidos da América.
Início na Europa
É como consequência do pós-guerra que se verifica o desenvolvimento da Terapia Ocupacional na Inglaterra, no cuidado de pessoas com das disfunções físicas, com a criação de departamentos de Terapia Ocupacional nos hospitais militares, pois era necessário reabilitar os jovens militares incapacitados durante a guerra. O objetivo era não só físico, mas também social, de uma “nova” profissão para estes jovens com sequelas.
Em 1930, a Dra. Elisabeth Casson, após ter tido contato com as escolas americanas de New York e Boston, implementou na Dorset House Psyquiatric Nursing Home, em Bristol, a primeira escola de treino em Terapia Ocupacional na Europa.
Início no Brasil
No Brasil, somente em 1940, decorrente do Movimento Internacional de Reabilitação, começou o movimento para criação da especialidade. Órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), difundiram leis protecionistas aos deficientes físicos e propuseram a implantação de programas específicos para a essa população.
Enquanto o movimento na Europa e EUA era baseado nos resultados das guerras, no Brasil havia a preocupação com os doentes crônicos como portadores de tuberculose, deficiência congênita, acidentes de trabalho e acidentes no trânsito. Assim, foi nesse contexto diferente que surgiu a Terapia Ocupacional no Brasil.
Assim, 46 anos após o início do movimento nos EUA, a ONU enviou para a América Latina emissários responsáveis para achar um local para ser implementado um centro de reabilitação, sendo escolhido o hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1951.
Com recursos internacionais recebidos entre os anos de 1956 e 1965 para preparar um responsável técnico local para assumir o serviço, após todo treinamento, foi escolhida Maria Auxiliadora Cursino Ferrari, formada inicialmente em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (em 1955), e posteriormente graduada em Terapia Ocupacional pela Universidade de São Paulo – USP (em 1965).
Em 1959, iniciou-se a formação “técnico de alto padrão” em fisioterapia e terapia ocupacional com a duração de dois anos. Em 1963, deu-se a aprovação do currículo mínimo de 3 anos.
A história da profissão se confunde com a da terapia física, pois inicialmente fazia-se vestibular para terapia e só no 2º ano de curso optava-se por física ou ocupacional. Ambas as profissões foram criadas num único decreto no dia 13 de outubro de 1969.
A prática da Terapia Ocupacional em oncologia cuida não somente do corpo, mas também da alma e equilíbrio dos pacientes
Atualmente, o papel do Terapeuta Ocupacional é ligado à intervenção em saúde, em educação e na esfera social. Seu objetivo é focado em proporcionar melhor bem-estar e qualidade de vida a pacientes que apresentam limitações funcionais e/ou dificuldades na inserção e participação da vida social.
As intervenções em terapia ocupacional têm como foco principal as atividades cotidianas e ocupações, elemento centralizador e orientador, na construção complexa e contextualizada do processo terapêutico, facilitando e garantindo o desempenho do sujeito nas suas atividades e ocupações e na manutenção de sua participação ativa na vida.
A terapia ocupacional está inserida nos diversos serviços ofertados, participando da atividade de acolhimento multiprofissional, atendimento ambulatorial, acompanhamento de pacientes internados e, quando necessário, visitas domiciliares.
Especificamente na oncologia, como exemplo, a Terapia Ocupacional pode orientar a realização de atividades que ajudam a controlar dores e incômodos, sejam elas monitoradas ou não. Também aprender a ter um bom posicionamento na cama ao dormir ou a postura certa ao se sentar ajuda no alívio do estresse. E, quando o paciente apresenta falta de ar, podem fazer exercícios que trabalhem a respiração, no sentido de normalizá-la. Com a orientação adequada, algumas atividades podem ser facilmente realizadas pelo paciente em sua casa ou nos horários de lazer. E aí qualquer coisa vale, porque tem que ser aquela que agrade a cada um. Uns vão preferir fazer natação, outros pintura, outros pilates. O importante é ter o acompanhamento do oncologista ou onco-hematologista responsável, para saber se não há restrições.
Outro ponto importante é buscar dar ao paciente o máximo de independência possível, mantendo suas atividades do dia a dia. Mesmo em fases de maior debilidade, isso deve ser incentivado, ainda que em pequenas atitudes, como tomar banho e escovar os dentes.
De acordo com o rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (RN 465/2021), os planos de saúde são obrigados a cobrirem assistência com o terapeuta ocupacional, mas não especificamente em oncologia. A cobertura mínima obrigatória é de 12 sessões, por ano de contrato, quando preenchido pelo menos um dos seguintes critérios:
- pacientes com diagnóstico primário ou secundário de demência (CID F00 à F03);
- pacientes com diagnóstico primário ou secundário de retardo (CID F70 à F79);
- pacientes com diagnóstico primário ou secundário de transtornos específicos do desenvolvimento (CID F82, F83);
- pacientes com disfunções de origem neurológica (CID G00 a G99);
- pacientes com disfunções de origem traumato/ortopédica e reumatológica (CID M00 A M99).
Para saber mais:
https://crefito12.org.br/100-anos-da-terapia-ocupacional/