A Anvisa aprovou, nesta segunda-feira (04/10), uma nova medicação para pacientes com câncer de mama avançado/metastático. E não poderia ser em melhor hora, já que estamos no Outubro Rosa, o mês de conscientização sobre esse tipo de tumor.

O Trastuzumabe-Deruxtecan (Enhertu®, sigla T-DXd) é um anticorpo conjugado a uma quimioterapia e que atua como uma terapia-alvo em tumores com alterações na proteína HER2, comum em mais de 20% das pacientes com tumores mamários. A proteína HER2, quando tem sua expressão aumentada nas células, promove o desenvolvimento de tumores, como o de mama.

Os dados que embasaram a aprovação foram do estudo DESTINY-Breast-01, que testou a droga em 184 pacientes com múltiplos tratamentos anteriores. A taxa de resposta foi de 60%, um número muito alto para esse cenário.

Agora, o estudo DESTINY-Breast-03, mais robusto, randomizado e de fase III, comparou o T-DXd com o padrão atual, o T-DM1, em 524 pacientes com tumor de mama metastático HER2 positivo em linhas subsequentes de tratamento, ou seja, após a progressão a uma quimioterapia com Trastuzumabe.

Os resultados – recentemente apresentados na principal sessão do Congresso Europeu de Oncologia (ESMO), em setembro de 2021 – mostraram uma redução de 72% do risco de progressão ou morte, aumentando em quase 4 vezes a sobrevida livre de progressão. Ademais, a taxa de resposta foi de 80%. Essa eficácia é extremamente significativa e muda o cenário do tratamento dessas mulheres, com uma droga mais eficaz do que a atual, que já trazia muitos benefícios.

Em relação aos efeitos colaterais, os mesmos foram bem parecidos entre os grupos em ambos os estudos. Porém, vale ressaltar uma maior incidência de doença pulmonar intersticial (10,5 x 1,9%), porém a esmagadora maioria dessas ocorrências foi de graus leves (1 ou 2).

Os dados vêm para colocar o T-DXd como novo padrão para essas pacientes neste cenário linhas subsequentes (3ª ou posterior). Infelizmente, por enquanto, a indicação ainda não inclui a 2ª linha, ou seja, as pacientes receberão a droga caso falhem ao T-DM1, não antes. A droga também já mostrou que pode beneficiar também pacientes com câncer de pulmão e estômago.

O T-DXd já é aprovado nos EUA desde dezembro de 2019, porém em pacientes com múltiplos tratamentos prévios. Agora, felizmente vem aprovado no Brasil e é um grande reforço no tratamento dessas pacientes. Burocraticamente, como é a primeira aprovação desta medicação, ainda é necessária a etapa da precificação que deve levar mais alguns meses. Após, sendo uma medicação endovenosa, os planos de saúde deverão cobrir o tratamento, quando indicado. Esperamos que seja realidade o quanto antes para os pacientes.

 

Referências:

https://oncologypro.esmo.org/meeting-resources/esmo-congress-2021/trastuzumab-deruxtecan-t-dxd-vs-trastuzumab-emtansine-t-dm1-in-patients-pts-with-her2-metastatic-breast-cancer-mbc-results-of-the-randomi

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa1914510

 

FDA approves new treatment option for patients with HER2-positive breast cancer who have progressed on available therapies. News release. FDA. December 20, 2019. Accessed August 9, 2021.