Maio é o mês de conscientização do câncer de cérebro, um tumor potencialmente grave por atingir o órgão responsável pelo controle de todas as funções do nosso corpo. Atualmente, ocupa a décima posição entre os tumores mais frequentes nas mulheres brasileiras e a décima primeira posição entre os homens.
É considerado um grupo heterogêneo de tumores que podem ser divididos em primários, que têm origem nas células do próprio cérebro, ou secundários, que têm origem em outros órgãos e disseminam para o cérebro. Estes são mais frequentes, sendo os cânceres de mama, pulmão e melanoma os maiores causadores de metástase.
No que se refere à agressividade do tumor, podemos dividir também em dois grupos. Os tumores benignos, que apresentam crescimento lento podendo ser acompanhados por exames de imagem periódicos ou tratados com cirurgia com altíssimas chances de cura. E os tumores malignos, que apresentam crescimento rápido, presença de sintomas e necessitam de tratamentos mais agressivos. Dentre os tumores malignos, o glioblastoma multiforme é o que apresenta menores chances de cura, apesar do avanço do tratamento nos últimos anos.
As causas dos tumores de cérebro continuam sendo motivo de muito estudo. Sabemos que algumas síndromes genéticas, consideradas raras, como a neurofibromatose e Li-Fraumeni aumentam o risco deste tipo de câncer. Outro fator é a exposição à radiação ionizante, como por exemplo, em profissionais que lidam com raio-x, pessoas que se submetem à radioterapia ou aos exames excessivos com radiação. Além desses, temos a deficiência do sistema imunológico, seja ela causada pelo vírus do HIV ou uso de medicamentos que suprimem o sistema imunológico. Por fim, há ainda alguns fatores de risco controversos. A exposição excessiva ao telefone celular, traumas cranianos e o consumo de aspartame (adoçante artificial) já foram levantados como potenciais causadores desse câncer, mas até hoje nada ficou comprovado.
O tumor no cérebro pode ter apresentações variáveis. É frequente nos benignos o paciente permanecer assintomático por um período prolongado, isso porque o tumor cresce lentamente e o cérebro vai se adaptando. Podem ocorrer também sintomas focais, que são dependentes do local em que está localizado o tumor, podendo cursar com perda de força em alguma parte do corpo, alteração na visão, audição, fala e comportamento. Porém, vale ressaltar que as manifestações, na maioria dos casos, são inespecíficas como sonolência, náuseas, vômitos, crise convulsiva ou dor de cabeça.
Então, quando devo me preocupar com uma dor de cabeça? A cefaleia, conhecida como dor de cabeça, é o sintoma mais comum do câncer de cérebro, acontecendo em 33 a 71% dos casos. No entanto, nem todo quadro de cefaleia é sugestivo de tumor cerebral; se for um sintoma diário e persistente ao longo de dias, com intensidade crescente e mais comum à noite ou ao acordar, é um sinal de alerta. Deve também ser sempre investigada quando acompanhada de sinais e sintomas como vômitos recorrentes, crises epilépticas, sonolência excessiva, confusão mental, deficiência gradual da movimentação ou da sensibilidade de alguma parte do corpo e dificuldades de fala e da visão.
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer e evitar sequelas. Mas, muitas vezes, identificar o tumor na fase inicial é um desafio. Isso porque não existe um exame de rastreamento, os chamados exames preventivos, por isso é fundamental dar atenção aos sinais de alerta já mencionados. Na presença destes deve-se fazer uma investigação com exames de imagens, preferencialmente a ressonância de crânio. Este exame é capaz de identificar a presença de uma lesão no cérebro e diferenciar entre tumores benignos ou potencialmente malignos. Porém, para a confirmação diagnóstica é necessária a biópsia.
A boa notícia é que a maioria dos tumores cerebrais podem ser curados. É importante que o tratamento seja individualizado e realizado por uma equipe completa composta por neurocirurgião, oncologista, radioterapeuta, patologista e radiologista. De uma forma geral, a cirurgia é o principal tratamento. Atualmente diversas tecnologias foram incorporadas na neurocirurgia como monitorização intra-operatória e métodos minimamente invasivos, possibilitando a diminuição do risco de sequelas no ato cirúrgico. A associação de radioterapia e quimioterapia geralmente é necessária nos tumores mais agressivos, considerados de alto grau.
Vale ressaltar que, apesar dos avanços nas técnicas de tratamento, o diagnóstico precoce ainda é a principal arma para aumentar as chances de cura e reduzir as sequelas. Por isso a importância do Maio Cinza, que tem como objetivo conscientizar a todos sobres os sintomas que devem ser investigados. Mesmo durante o período de pandemia, importante lembrar que a COVID-19 não é a única vilã!