A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do Século XIX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e de trabalho, além do direito de voto. Assim, a ONU designou o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher. Em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres. Neste ano de 2021, o tema para o Dia Internacional da Mulher é: “Mulheres na liderança: alcançando um futuro igual em um mundo COVID-19”. O tema celebra os enormes esforços de mulheres e meninas em todo o mundo para moldar um futuro mais igualitário e a recuperação da pandemia da COVID-19.

As mulheres estão na vanguarda da batalha contra a COVID-19 como trabalhadoras da linha de frente e do setor de saúde, como cientistas, como profissionais de saúde e cuidadoras e agentes comunitárias. Porém, recebem – de maneira geral – 11% a menos do que seus colegas homens. Uma análise das equipes de combate a COVID-19 de 87 países revelou que apenas 3,5% delas tinham paridade de gênero 1

Além de estarem na linha de frente da crise da COVID-19, as mulheres representam alguns dos líderes nacionais mais exemplares e eficazes no combate à pandemia. Da Nova Zelândia à Alemanha, Taiwan ou Noruega, alguns países liderados por mulheres tem as menores taxas de óbitos pela COVID-19. De maneira geral, as mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo. Em 2018, na política eram apenas 10 dos 153 chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar.

Embora também haja diversos fatores sociais e econômicos implicados no bom desempenho destes países no enfrentamento à pandemia, também as trajetórias sociais destas líderes as diferencia. Condutas como resposta precoce, diversidade na tomada de decisões, comunicações transparentes e diretas são alguns exemplos.

A crise destacou tanto a centralidade e objetividade de suas contribuições quanto os fardos desproporcionais que as mulheres carregam. A pandemia está levando mais sobrecarga de trabalho para as mulheres no mundo todo. Mulheres são mais impactadas que os homens pela sobrecarga de trabalho. Dados do Brasil (IBGE/2019) indicam que a dupla jornada incide sobre a mulher, que semanalmente, na média, se dedica 18,5 horas ao cuidado da casa, crianças e idosos. Já a média dos homens é somente 10,3 horas semanais. Neste momento de pandemia com muitas famílias com vários membros em home office e muitas crianças sem frequentar regularmente a escola, percebe-se um acúmulo de tarefas e enorme sobrecarga de muitas mulheres.

Por que a sobrecarga de trabalho é maior para as mulheres? A desigualdade de gênero fica mais intensa neste momento de pandemia, já que estão diretamente na linha de frente da resposta e assumem custos físicos e emocionais. Devido à saturação dos sistemas de saúde e ao fechamento das escolas, as mulheres assumem o cuidado e a responsabilidade de familiares doentes, pessoas idosas e crianças3.

Assim, vamos celebrar este 8 de março de 2021, Dia Internacional da Mulher, no segundo ano de uma pandemia sem precedentes, refletindo sobre como melhorar a dinâmica de gênero, começando no local mais próximo possível, qual seja, na divisão mais igualitária das tarefas em casa. Simples assim!

 

Referências:

1 https://www.unwomen.org/en/news/in-focus/international-womens-day

2 https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52376867

3 https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2020/03/ONU-MULHERES-COVID19_LAC.pdf