Dentre todos os tumores, o câncer colorretal merece uma atenção especial. Atualmente, é o terceiro tumor mais frequente e a segunda maior causa de morte por câncer no mundo. O mês de março foi escolhido para conscientização e prevenção deste câncer, considerado um tumor evitável em uma grande parcela dos casos e quase sempre curável quando diagnosticado em estágios iniciais.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 20.520 casos novos em homens e 20.470 casos em mulheres para ano de 2021, representando o segundo tumor mais frequente nos homens e também nas mulheres. Vale ressaltar que, mesmo dentro do Brasil, a incidência é variável de acordo com as regiões do nosso território. Nas regiões Sudeste e Sul, o tumor é mais frequente quando comparados com as regiões Norte e Nordeste. Essa diferença pode ser explicada porque o câncer colorretal está diretamente relacionado aos hábitos de vida como excesso de alimentos industrializados, sedentarismo e obesidade. Além disso, o acesso aos exames diagnósticos pode contribuir para essa disparidade.
Este tipo de câncer ocorre geralmente após os 50 anos, com predomínio na população idosa. Entretanto, um estudo divulgado pela American Cancer Society mostrou dados intrigantes. Revelou que na população norte-americana ocorreu uma redução no número de casos de câncer colorretal nas últimas décadas, porém um aumento em adultos jovens. A taxa de novos casos de câncer de cólon aumentou de 1 a 2,4% por ano desde meados da década de 1980 em adultos de 20 a 39 anos, e de 0,5 a 1,3% desde meados de 1990 em adultos de 40 a 50 anos. O aumento na taxa de câncer de reto foi ainda mais expressivo, 3,2% por anos de 1974 a 2013 em adultos de 20 a 29 anos. Essa alteração na faixa etária pode ser justificada pela mudança do estilo de vida do mundo atual, principalmente nos países mais desenvolvidos.
Mas é possível evitar esse tipo de câncer? Na maioria dos casos sim. A predisposição genética individual para se desenvolver um câncer ainda não pode ser modificada, porém a minoria dos canceres tem origem hereditária. Sabemos que evitar a exposição aos fatores risco pode reduzir de forma significativa as chances de ter um câncer de intestino. Por isso, manter um estilo de vida saudável com atividade física no mínimo três vezes por semana, manter peso adequado, realizar dieta rica em fibras, evitar o tabagismo, etilismo e excesso de carne vermelha e embutidos, além de realizar os exames preventivos, é o que – ativamente – podemos fazer para mudar a nossa história.
Os principais sintomas do câncer de cólon e do reto são: dor abdominal, sangramento nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia ou constipação) ou perda de peso, porém, infelizmente, quando esses sintomas estão presentes o tumor já está mais avançado e as chances de cura são menores. Logo, é de fundamental importância realizar os exames de rastreamento. Estes são exames realizados em pessoas assintomáticos, com intuito de diagnosticar lesões pré-malignas ou tumores iniciais, aumentando, assim, as chances de cura e reduzindo a agressividade do tratamento. No Brasil, está indicado o rastreamento na população entre 50 a 74 anos, sendo a colonoscopia o exame de preferência.
Estamos passando por um grande desafio que é o combate à pandemia de COVID-19. Todos estamos focados em vencer essa batalha respeitando o isolamento social e tomando as medidas de proteção pessoal, porém não podemos esquecer que o câncer colorretal continua muito frequente e não espera. Sendo assim, vamos aproveitar o mês de março para nos prevenir desse câncer e cuidar do que mais importa, a nossa saúde.