No dia 20 de fevereiro é celebrado o Dia de Combate ao Alcoolismo. O consumo de álcool é considerado um fator de risco para diversas doenças, em especial quando feito de maneira abusiva. Em contrapartida, alguns estudos tentaram comprovar o efeito protetor do álcool na doença cardiovascular quando consumido em pequena quantidade. Apesar deste suposto benefício, o que sabemos de fato é que o consumo em demasia é responsável por doenças crônicas do fígado (como a cirrose), transtornos psiquiátricos (com altos índices de internações por dependência química) e também por um elevado índice de acidentes de trânsito com vítimas graves.

No Brasil, o consumo de álcool per capita supera a média mundial, conforme dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tal fato torna-se ainda mais preocupante ao passo que as políticas de prevenção primária de doenças são escassas e ineficazes em nosso país. Como agravante, vivemos um momento de pandemia em que hospitais e demais serviços de saúde estão voltados para o combate do coronavírus. Sendo assim, as doenças crônicas relacionadas ao uso excessivo do álcool e o próprio tratamento do alcoolismo como condição patológica certamente estão negligenciadas neste momento.

No que se refere ao câncer, o álcool está envolvido diretamente no processo de desenvolvimento de alguns tumores. O câncer de cabeça e pescoço, por exemplo, tem como principal fator de risco o consumo excessivo de álcool em associação ao cigarro. Essa combinação de hábitos (ou vícios) também está envolvida no surgimento do câncer de esôfago e de estômago. O risco de desenvolver tais cânceres tende a ser 4 a 6 vezes maior em indivíduos consumidores de bebidas alcoólicas de maneira abusiva. O risco de desenvolver câncer de intestino (de cólon e/ou reto) também é maior para pessoas consumidoras de álcool em grande quantidade e frequência. Este mesmo risco existe para mulheres com desenvolvimento do câncer da mama.

É importante que o alcoolismo seja visto como uma doença ou condição de saúde crônica e que seja devidamente tratada tal, como as demais citadas anteriormente. Devemos buscar entender as suas características biológicas, além dos aspectos comportamentais e socioeconômicos envolvidos na sua ocorrência. Não se trata apenas de um hábito ou diversão; o consumo abusivo de álcool está, sim, envolvido no adoecimento por causas diversas e precisa ser combatido diariamente.