Leonardo Roberto da Silva e

Vivian Castro Antunes de Vasconcelos

 

Os avanços no tratamento do câncer de mama obtidos ao longo das últimas décadas levaram a um aumento significativo na chance de cura e a uma redução no risco de morte pela doença. No entanto, ainda hoje, uma em cada oito mulheres receberá o diagnóstico de câncer de mama em algum momento da vida, até os 65 anos de idade. Esse dado alarmante é, porém, acompanhado de uma informação tranquilizadora: a disponibilidade de uma excelente ferramenta para o diagnóstico precoce da doença, a mamografia.

A mamografia é o exame mais importante na detecção precoce do câncer de mama, ou seja, o rastreamento. Sabemos que, quando diagnosticado em sua fase inicial, o câncer de mama tem mais de 90% de chance de cura. Isso pode ser conseguido com a realização do exame em mulheres assintomáticas e que se encontram em uma faixa etária na qual existe uma relação favorável entre benefícios e riscos do exame.

Grandes estudos clínicos que incluíram mais de 500 mil mulheres comprovaram esse benefício da mamografia. Os resultados mostraram que as mulheres que faziam mamografia regularmente apresentavam uma redução no risco de morte por câncer de mama entre 10% e 35%, quando comparadas às mulheres que não faziam a mamografia.

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia seja realizada a cada dois anos entre os 50 e 69 anos de idade. No entanto, estudos recentes realizados na população brasileira, evidenciaram que 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em mulheres com menos de 50 anos. Além disso, muitos desses casos são identificados em estados mais avançados da doença, o que reduz significativamente as chances de cura. Assim, as recomendações atuais do Ministério da Saúde excluem uma faixa importante da população do programa de rastreamento (mulheres com idade entre 40 e 49 anos), o que pode resultar em maior mortalidade por câncer de mama, uma doença que ainda não é facilmente evitável.

Nesse sentido, diversas sociedades médicas vêm recomendando a realização da mamografia a partir dos 40 anos. De acordo com estudos mais recentes, tal estratégia está associada a benefício em termos de diagnóstico precoce e redução do risco de morte por câncer de mama nessa faixa etária. Na prática, existe um Projeto de Decreto Legislativo (número 679/2019) que propõe assegurar a realização da mamografia de rastreamento para as mulheres a partir dos 40 anos, no Sistema Único de Saúde (SUS). O Projeto já foi aprovado no Senado Federal e, atualmente, se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados.