“Farmacêuticos, em todos os tempos e lugares, trazem mesmo lições de amor às pessoas. Aliás para o farmacêutico, amar não é apenas o verbo transitivo direto que se aprende a conjugar, nas escolas.

Amar é ação, a ação de servir, a qualquer hora de qualquer dia e em qualquer lugar.

É cuidar, é promover a saúde, é salvar vidas!”

Carlos Drummond de Andrade

Poeta e Farmacêutico

Danielle Costa Ribeiro

Farmacêutica Responsável do Radium Instituto de Oncologia

 

Neste Dia do Farmacêutico é sempre bom recordar aquilo que nos dá razão de existir. Uma carreira milenar, cujo talento “é cuidar, é promover a saúde, é salvar vidas”. Ao longo dos séculos, sempre tivemos o dever de provar que a ciência é capaz de salvar vidas. E essa missão segue muito viva nesses tempos de pandemia. Além disso, fomos nos tornando cada vez mais necessários na composição de equipes de saúde em todas as áreas de atendimento. Inclusive na oncológica.

Desde a década de 90 o papel do farmacêutico na equipe multidisciplinar de terapia antineoplásica vem se fortalecendo e ocupando um importante espaço no tratamento do câncer e na atenção ao paciente oncológico. Resoluções do CFF e da Anvisa tornaram privativa ao farmacêutico a manipulação de medicamentos citotóxicos e, desde então, novas diretrizes foram desenvolvidas.

O farmacêutico garante toda a cadeia medicamentosa para o tratamento do câncer, atua na manipulação visando preservar as características do produto e garantir a esterilidade da operação, gerencia os medicamentos utilizados nas diferentes etapas e ainda garante que os procedimentos sejam realizados de maneira adequada, conforme os protocolos e doses prescritas. Além disso, o farmacêutico se tornou responsável por toda gestão da farmácia clínica, pois é um profundo conhecedor dos fármacos, que o possibilita acompanhar o resultado do tratamento. Neste contexto, nossa responsabilidade é evitar danos por erros de medicação e, assim, garantir a segurança do paciente.

Selecionar e padronizar medicamentos que atendam aos protocolos clínicos da instituição é a primeira etapa, que exige responsabilidade para garantir que os produtos atenderão às exigências legais. Garantir a divulgação das informações sobre medicamentos, como sua farmacodinâmica e farmacocinética, interações medicamentosas, meia vida dos fármacos, reações adversas e compatibilidades físico-químicas, auxilia a equipe multidisciplinar nas tomadas de decisões sobre a terapia antineoplásica. O preparo e a manipulação são fundamentais para diminuir os riscos associados ao manejo desses medicamentos, além de prevenir erros como seleção errônea do diluente.

O paciente oncológico é um potencial candidato a desenvolver importantes reações adversas devido a poliquimioterapia a que está submetido, ao baixo índice terapêutico dos fármacos, ao tratamento prolongado, entre outros. Torna-se imprescindível, portanto, o acompanhamento da farmacovigilância nestes casos, contribuindo, desta forma, para reduzir as taxas de morbidade e mortalidade relacionadas ao uso de medicamentos associada à detecção precoce de problemas relacionados à segurança.

O monitoramento e acompanhamento farmacoterapêutico estão no âmbito da atenção farmacêutica. De acordo com Linda Strand e Charles Hapler (EUA, 1990), a “atenção farmacêutica é a provisão responsável do tratamento farmacológico com o propósito de alcançar resultados terapêuticos concretos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes”. Temos, então, o compromisso de assumir o cuidado ao paciente oncológico, por meio do aconselhamento e monitoramento da terapia, acompanhando todas as etapas do tratamento até o seu desfecho e, principalmente, traçando com o paciente uma relação de confiança e cumplicidade para o êxito à adesão do tratamento e a garantia da qualidade de vida do paciente.

Se analisarmos a linha do tempo na Oncologia, o profissional farmacêutico ainda é um jovem componente dentro da equipe multidisciplinar. Mas dentro de todas as responsabilidades que nos foi atribuída, fomos inseridos na equipe com muita ética e profissionalismo, por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e, juntos, buscamos um trabalho consistente e de qualidade ao nosso paciente.

 

Referências:

RDC 220/2004

Resolução CFF 288/96

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