O cigarro é a maior causa evitável de morte no mundo todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera para 2020 mais de 7,5 milhões de mortes em todo mundo por doenças causadas pelo hábito de fumar. Só no Brasil são cerca de 428 mortes ao dia relacionadas ao tabagismo, cerca de 157 mil mortes ao ano.

São mais de 4.800 compostos químicos em um único cigarro, dentre os quais mais de 70 são sabidamente cancerígenos. É disparado o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer e está relacionado a quase todos os tumores, com particular importância para as neoplasias de pulmão, cabeça e pescoço, bexiga e trato gastrointestinal. Especialmente, em relação ao câncer de pulmão, 15% de quem fuma deverá desenvolver esse tipo de câncer em algum momento da vida, além disso, 80 a 90% de quem tem o diagnóstico de neoplasia pulmonar é tabagista. Ainda, cerca de 80% dos tumores de pulmão são descobertos em fases avançadas, com metástases, quando o câncer já se espalhou pelo corpo e a chance de cura é muito baixa. São 1,8 milhões de casos novos de câncer de pulmão diagnosticados todos os anos no mundo com 1,6 milhões de mortes.

Cerca de 80% dos tumores de cabeça e pescoço, que é o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil, e por volta de 70% das neoplasias de bexiga também estão relacionados ao tabagismo. O cigarro, portanto, tem um poder destrutivo imenso capaz de comprometer a qualidade de vida e ceifar vidas de pessoas muitas vezes ainda jovens e produtivas.

Além disso, o tabagismo é o segundo fator de risco mais importante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (perdendo apenas para hipertensão arterial), lembrando que essas doenças são as que mais matam no Brasil e no mundo. É ainda o principal fator relacionado às doenças respiratórias como asma, bronquite, enfisema pulmonar. Está associado a impotência sexual, infertilidade, menopausa precoce nas mulheres e uma série de outras enfermidades,

Os pacientes que fumam têm, em média, 14 anos menos de expectativa de vida em relação a quem não fuma. Além disso, está cada vez mais claro que os tabagistas passivos (aqueles que não fumam, mas convivem de perto com quem fuma) também têm mais chances de desenvolver câncer, doenças cardíacas e pulmonares. De todas as mortes causadas pelo cigarro, 12% são em fumantes passivos. O impacto na economia é de mais de 56 bilhões ao ano, com tratamentos de doenças tabaco correlacionadas e com a perda precoce de vidas.

A nicotina contida no cigarro atinge rapidamente o cérebro e em menos de 10 segundos libera vários neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar e prazer, como a dopamina. Por isso, o cigarro é tão viciante e um hábito difícil de abandonar.  Daquelas pessoas que desejam abandonar o vício, menos de 5% tem sucesso sem ajuda de um profissional.

Na tentativa de diminuir o tabagismo e com isso as doenças a ele relacionadas, vários países passaram a adotar medidas que estimulam o abandono do cigarro e outras que evitam o início do tabagismo. Nesse contexto, o Brasil – ao lado da Turquia – ganhou lugar de destaque ao ser o segundo país a conseguir implementar de forma eficaz todas as seis medidas sugeridas pela OMS chamadas de Mpower (plano para reverter a epidemia do tabaco) e conseguir reduzir de forma consistente o número de pessoas que fumam. Os esforços para essa redução começaram em 1990, quando profissionais de estados e municípios foram treinados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para tratar pacientes tabagistas no SUS e o tratamento começou a ser oferecido de forma gratuita.

Outras medidas importantes foram o aumento de impostos sobre os cigarros (que chegaram a 83% em 2018), a proibição de propagandas em televisão e revistas, a obrigatoriedade de estampar as embalagens de cigarro com fotos e frases que mostram os efeitos devastadores do vício e, por fim, a proibição do fumo em locais fechados de uso coletivo. Todas essas medidas levaram o Brasil a reduzir em mais de 50% o número de pessoas que fumam nos últimos 25 anos (34% da população em 1989 e 10% atualmente), o que ainda corresponde a mais de 20 milhões de tabagistas.

Estima-se que um terço da população adulta mundial seja tabagista, principalmente em países como China, Rússia e em países europeus. Destes acredita-se que 60% desejem parar de fumar, mas não conseguem e não têm assistência para isso. Além disso, o habito de fumar começa cedo, geralmente antes dos 20 anos, o que mostra a importância de orientar e alertar os jovens para os danos causados pelo tabaco.

Em 2020, o mundo foi invadido por uma nova pandemia causada pelo vírus Sars Covid 19, doença que já causou mais de 110 mil mortes no Brasil e mais de 800 mil mortes no mundo. Essa doença é capaz de inflamar e comprometer a função adequada dos pulmões levando milhares de pessoas à morte por insuficiência respiratória. Sabe-se que pessoas que fumam e já possuem algum grau de comprometimento pulmonar prévio têm maiores riscos de desenvolver quadros graves da doença.

Além do cigarro, existem os charutos, cachimbos, cigarros de palha, narguilés e mais recentemente os cigarros eletrônicos. Algumas pessoas defendem esses tipos de fumo, alegando serem menos prejudiciais; no entanto, isso não é verdade. Algumas delas, como o narguilé, são ainda mais nocivos. E o cigarro eletrônico, embora em geral não contenha nicotina, vem se mostrando um grande perigo. O uso de cigarro eletrônico vem crescendo no Brasil (onde a comercialização é proibida) e no mundo.  Em 2018, mais de 3,5 milhões de estudantes do ensino médio, nos EUA, disseram já ter experimentado o cigarro eletrônico. Seus efeitos deletérios ainda não são completamente conhecidos, mas o Centro de Controle de Doenças dos EUA divulgou recentemente várias mortes associadas diretamente ao uso do cigarro eletrônico.

Por isso, o dia 29 de agosto foi escolhido como Dia Nacional de Combate ao Fumo.  O objetivo é orientar e reforçar junto à população as consequências sociais, políticas e econômicas do hábito de fumar e chamar a atenção de todos para os malefícios e danos causados à saúde de quem fuma ou convive com quem fuma. Vamos alertar a todos sobre a importância de abandonar o cigarro! E para àqueles que realmente desejam parar, fica a orientação de procurar um profissional da área da saúde, seja no SUS, ou no ambiente privado, para obter auxílio contra esse que é, sem dúvida, o maior vilão da humanidade.

Respire essa ideia!