Tratamento do câncer exige interação com outras especialidades e a cardiologia é uma delas. Todos unidos no enfrentamento da doença!

Ao passo que a medicina e a ciência evoluem em prol do tratamento do câncer, é crescente a necessidade do oncologista (considerado muitas vezes o “maestro” deste processo) interagir com outras especialidades. O plano de tratamento oncológico quase sempre é traçado junto com médicos cirurgiões e radioterapeutas. Entretanto, como os medicamentos contra o câncer podem cursar com efeitos colaterais diversos (e que podem alterar outras condições de saúde como a pressão arterial e o funcionamento cardíaco), é sempre importante manter-se integrado a médicos de outras especialidades para o devido acompanhamento do paciente como um todo. Hoje, em homenagem ao Dia do Cardiologista, comemorado em 14 de agosto, o Grupo SOnHe traz um pouco sobre as principais alterações cardiológicas que o tratamento do câncer pode acarretar.

A principal medicação para tratamento do câncer da mama (a Doxorrubicina, conhecida por sua cloração avermelhada) foi, historicamente, a responsável por mostrar o quanto é necessária atenção à saúde cardiológica do paciente com câncer. O uso da doxorrubicina em doses altas pode acarretar insuficiência cardíaca e, portanto, deve ser sempre monitorado por um cardiologista. É praxe na rotina oncológica a vigilância do funcionamento do coração, por meio de exames como o ecocardiograma.

Não só a Doxorrubicina pode gerar os efeitos citados acima; drogas mais novas como as terapias anti-HER2 (utilizadas em alguns subtipos de câncer da mama) também tem seu uso condicionado à vigilância regular da saúde cardiológica. O Trastuzumabe e o Pertuzumabe trouxeram benefícios de magnitude ímpar no tratamento do câncer da mama. Entretanto, ao receber tais medicações, alguns pacientes também desenvolveram insuficiência cardíaca e aqui, novamente, o papel de cardiologista foi exaltado.

O câncer de intestino, por sua vez, tem o seu tratamento quimioterápico pautado em fármacos da classe das Fluroropirimidina (5 fluorouracil). O vasto uso desta medicação mostrou que pacientes com doença coronariana devem ter um regular acompanhamento cardiológico, uma vez que esta condição de saúde pode ser afetada durante o tratamento. Arritmias, apesar de incomuns, também podem acontecer e, por isso, é sempre seguro ter médico cardiologista acompanhando o processo terapêutico.

Outras medicações utilizadas no tratamento do câncer de intestino também podem desencadear efeitos adversos que demandam apoio do cardiologista; é o caso do Bevacizumabe. O uso desta terapia alvo pode culminar no descontrole da pressão arterial, sendo muitas vezes necessário o início e/ou ajuste de medicações anti-hipertensivas.

Recentemente, o arsenal terapêutico contra o câncer da mama passou a contar com drogas orais conhecidas como inibidores de ciclina. Tais fármacos mudaram a condução do paciente com câncer da mama, com relevantes ganhos em sobrevida. O uso desta classe de medicamentos deve ser acompanhado por um cardiologista, com eletrocardiograma periodicamente, uma vez que altera a condução elétrica do coração, podendo cursar com arritmias. O devido acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais supracitados (e de muitos outros não elencados aqui) por um especialista garantem não somente a segurança do tratamento, mas também a constância do mesmo, o que interfere diretamente no controle da doença do paciente.

É possível concluir, então, que a crescente complexidade do tratamento do câncer tornou necessária a atuação de mais especialidades médicas em prol do sucesso do mesmo. Não somente oncologistas, cirurgiões e radioterapeutas devem contribuir para este processo terapêutico. O apoio de especialidades mais clássicas como a cardiologia é de suma importância para que o paciente possa ser tratado com segurança. Fica aqui nossas congratulações a todos os cardiologistas que “com o coração” cuidam de seus pacientes. E bem-vindos ao time do tratamento do oncológico.