Dr. Paulo Vittor e

Dra. Márcia Torresan Delamain

Hematologistas

 

Agosto é o mês de conscientização sobre os linfomas. Apesar de pouco conhecidos pela população em geral, os linfomas não são infrequentes: segundo dados do INCA deste ano, os linfomas não-Hodgkin são oitavo câncer mais comum em homens e o nono em mulheres. Além disso, pode afetar pessoas de qualquer idade. Existem diversos subtipos de linfoma, que são divididos em dois grandes grupos: os linfomas de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin. Antes de falarmos sobre os sintomas do linfoma, precisamos entender um pouco mais sobre o que é essa doença.

Os linfócitos são um tipo de glóbulo branco. Eles circulam pelo sistema linfático e pelos linfonodos: pequenos órgãos distribuídos por todo o corpo com a função de filtrar a linfa e capturar eventuais invasores. Os linfomas ocorrem quando os linfócitos começam a se multiplicar de maneira descontrolada, podendo ainda se disseminar para outros órgãos como pele, sistema nervoso central, medula óssea, entre outros. Outro ponto que precisamos ter em mente é que os sintomas variam entre os subtipos de linfoma: alguns são extremamente agressivos, causando sintomas logo no início e progressão rápida (meses ou até mesmo semanas). Já outros subtipos e progressão mais lenta, os chamados “indolentes”, podem ficar assintomáticos por meses ou anos.

Os sintomas dos linfomas são variados e dependem do subtipo da doença. O mais comum é o aumento dos linfonodos – originando as famosas “ínguas” – principalmente no pescoço e na virilha. Vale ressaltar que qualquer processo infeccioso pode causar aumento do tamanho dos linfonodos, porém, nos linfomas, esse aumento é mantido (não regride sem tratamento específico) e, geralmente, é indolor. Outras manifestações frequentes são perda de peso sem motivo, febre persistente e sudorese excessiva, principalmente durante a noite. Além disso, os linfomas também podem causar manifestações específicas quando acometem algum órgão: nos linfomas cutâneos, a pele pode manifestar variados tipos de lesões; já nos linfomas que acometem sistema nervoso central, o paciente pode apresentar dores de cabeça, perda ou redução de movimentos/ sensibilidade, entre outros.

Como vimos, o quadro clínico dos linfomas é extremamente variável. Por isso a importância da avaliação precoce por um médico caso algum dos sintomas seja apresentando. Somente o médico saberá, com base nos sintomas e exames, se seu quadro é linfoma ou não. O tratamento dos linfomas consiste, geralmente, em quimioterapia, acompanhada ou não de radioterapia, sendo que, nos casos dos linfomas menos agressivos, a quimioterapia pode não ser necessária ao momento do diagnóstico. Ainda, em alguns casos, há a necessidade de transplante de medula.

Vale lembrar que, independente do tratamento escolhido, o diagnóstico nas fases iniciais da doença é posto-chave para o sucesso. Por isso, a necessidade de se informar sobre a doença e procurar o médico de sua confiança em caso de sintomas.

Referências:

Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma (disponível em abrale.org.br);

UptoDate: Patient Education: Lymphoma (the basics).