Na semana passada, tínhamos falado sobre a inclusão de uma nova medicação para câncer de mama para pacientes do SUS. E hoje, felizmente, falaremos de mais uma ótima notícia para esses pacientes: a aprovação da primeira imunoterapia. No dia 8 deste mês, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) recomendou a incorporação de duas medicações imunoterápicas (Pembrolizumabe e Nivolumabe) para os pacientes com melanoma – um tipo maligno de tumor de pele – do SUS. E esta vitória teve grande contribuição do nosso CEO, Dr. André Sasse.
A novidade é muito importante, afinal a imunoterapia “moderna” passou a mostrar seus benefícios contra o câncer a partir de 2011, quando foi visto, pela primeira vez, um aumento do tempo de vida dos pacientes com melanoma metastático com o uso do Ipilimumabe. Desde então, várias outras medicações similares surgiram e se comprovaram eficazes contra diversos tipos de tumores, incluindo o Pembrolizumabe e o Nivolumabe. Ao redor do mundo, hoje, a imunoterapia já faz parte da rotina da Oncologia e é o tratamento-padrão em diversos cenários. Porém o SUS ainda não dispunha dessa tecnologia; para nenhum tumor.
Até agora, o tratamento disponível no SUS para quem tem melanoma metastático é a quimioterapia, que, no caso, nunca se mostrou eficaz para aumentar o tempo de vida. Esses pacientes têm prognósticos muito ruins e a imunoterapia mostrou que o tempo de vida dos mesmos mais que dobra com seu uso, além de evidenciar alguns pacientes com longos períodos sem doença, algo inimaginável até há pouco tempo.
Em 2018, o Ipilimumabe foi rejeitado e, em 2019, a Conitec, que avalia a inclusão de medicações no SUS, havia inicialmente recomendado a não-incorporação do Nivolumabe e do Pembrolizumabe para melanoma. Com as contribuições da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a partir de análise de farmacoeconomia conduzida pelo Dr. André Sasse junto de outros colegas, associado às sugestões da população e de organizações de pacientes por meio de consulta pública, a recomendação foi alterada para defesa da inclusão das medicações. É importante lembrar que, apesar do benefício inegável, as drogas são extremamente caras e o custo nesse cenário pode chegar a R$ 1,8 bilhão.
É uma grande conquista para todos os brasileiros e mostra que a ação em conjunto da sociedade é de extrema importância para melhorar a saúde de todos. Porém, devemos ficar atentos, pois, como vimos no nosso último post, o tempo entre essa incorporação burocrática e a real chegada da medicação para os pacientes pode demorar muito tempo (até anos). Além disso, foi solicitada a inclusão de outras medicações (terapia-alvo), que, infelizmente, não foram aceitas pela Conitec. Para tanto, é importante continuarmos alertas e cobrando das autoridades o cumprimento dessa inclusão.
Referências:
Grande passo para pacientes do SUS

Oncologista – CRM 156.336
Formado em Medicina e com residência em Clínica Médica e Oncologia Clínica pela Unicamp. Mestre em Oncologia pela Unicamp. Possui título de especialista em Oncologia… Veja Mais