A yoga é uma forma milenar de exercício para o corpo e a mente. Seu principal objetivo é criar conexão e harmonia entre corpo, mente e espírito. É uma filosofia tão antiga que historiadores têm dificuldade em datar com precisão seu início. Alguns arqueólogos encontraram os traços mais antigos da yoga há 5.500 anos. É surpreendente perceber que essa prática atravessou tantos anos e se mantém tão viva nos tempos de hoje, o que nos refletir sobre sua força.

Algumas formas de yoga são bastante árduas, enquanto outras são mais leves e se concentram mais no trabalho de meditação e respiração. A prática da yoga pode não apenas tornar nossos músculos e articulações mais flexíveis, mas também promover relaxamento intenso e maior controle das emoções. É nesse ponto que as coisas passam a se conectar: o câncer e yoga.

Pacientes com câncer frequentemente experimentam sensações desagradáveis e aversivas, sejam físicas pela própria doença ou pelos efeitos do tratamento, ou emocionais, com aumento de ansiedade, angústia e sintomas depressivos. Nesse sentido, buscar maneiras de ter bem-estar físico e emocional dentro das condições que o adoecimento traz, são medidas importantes para melhorar a qualidade de vida durante e após o tratamento. A yoga pode ser, portanto, uma importante terapia complementar e forte aliada do paciente com câncer.

A ciência há tempos estuda a relação entre a yoga e a saúde humana. Especificamente com relação ao câncer, existe razoável evidência na ciência de que essa prática possa estar relacionada com melhorias no bem-estar e redução de sintomas desagradáveis.

Em 2010 foi publicada uma revisão sistemática que avaliou justamente a relação entre os potenciais benefícios da yoga para pacientes com câncer: “An evidence-based review of yoga as a complementary intervention for patients with cancer”. Como resultado, os pesquisadores concluíram que a yoga pode ajudar a reduzir a ansiedade, a depressão, o cansaço (fadiga) e estresse. Foi também capaz de melhorar a qualidade do sono, humor e bem-estar espiritual.

Adicionalmente, um estudo específico sobre o uso de yoga em pacientes tratando câncer de mama comprovou que além da redução do cansaço, as pacientes passaram a ter um melhor enfrentamento do processo de adoecimento, com significativa redução da percepção de sofrimento. Nesse estudo, 191 mulheres com câncer de mama foram distribuídas aleatoriamente em três grupos: 1) yoga; 2) alongamento simples; ou 3) nenhuma instrução sobre yoga ou alongamento.

Como resultado, as mulheres que praticaram yoga durante o período de tratamento relataram maiores benefícios ao seu funcionamento físico e em sua saúde geral, como redução de fadiga. Também foram mais propensas a encontrar significado de vida a partir de sua experiência com o câncer do que os outros grupos.

Umas das possíveis explicações para esses desfechos positivos seria a redução do hormônio cortisol (hormônio do stress), que foi comprovado por meio de amostras de saliva no mesmo estudo.

É importante reconhecer o crescente número de pesquisas indicando que intervenções baseadas no relaxamento podem contribuir para o bem-estar das pessoas com câncer.

É possível ter qualidade de vida e câncer ao mesmo tempo e a yoga pode ser uma saudável, bem-vinda e importante aliada nesse processo.