Estamos no mês de conscientização sobre o câncer de esôfago. E utilizaremos o tema para falar também de uma nova aprovação de tratamento para pacientes com a doença. Essa neoplasia é a sexta mais incidente na população masculina do nosso país e aproximadamente 11.500 casos novos são registrados anualmente, segundo o INCA.
Sabe-se também que os principais fatores de risco são o consumo excessivo de álcool e o tabagismo, além de, mais recentemente, a obesidade ter passado a compor a lista. Tais doenças predispõem a lesão repetida da mucosa esofágica, aumentado a frequência de mutações das células locais e, consequentemente, a incidência de neoplasias malignas.
Quando localizado, o tratamento envolve cirurgia com ou sem combinação de radioterapia e quimioterapia. No caso da doença avançada, a terapia é baseada em quimioterapia, muitas vezes em combinação ou isolada, havendo um número limitado de opções para uso. Além disso, essas drogas promovem uma eficácia limitada com toxicidades elevadas. Por isso foi muito importante a aprovação pela Anvisa, no fim do mês passado, do uso do Pembrolizumabe para esses pacientes.
O Pembrolizumabe, como já falamos em outros posts do “Alerta Oncologia”, é uma medicação imunoterápica, ou seja, que não atinge diretamente as células tumorais, mas estimula nosso sistema imune a combatê-las. Por conta dessa ação indireta, os efeitos colaterais desse tipo de terapia costumam ser menos frequentes e mais toleráveis para os pacientes. E sabemos que nos últimos anos a imunoterapia vem sendo aprovada para diversos tumores, revolucionando a Oncologia.
No caso do câncer de esôfago a aprovação da Anvisa foi para pacientes com tumores metastáticos, localmente avançados ou recorrentes, com doença em progressão após 1ª linha de tratamento e que tivessem expressão da proteína PD-L1 CPS ≥ 10%, um indicativo de maior resposta à imunoterapia.
O estudo que serviu de base para a decisão foi o KEYNOTE-181, que comparou quimioterapia-padrão de 2ª linha com Pembrolizumabe, e mostrou uma redução de 31% no risco de morte, com significância estatística, aumentando em quase três meses a sobrevida global mediana dos indivíduos com PD-L1 CPS ≥ 10%. Isso levou a mais que o dobro de pacientes permanecerem vivos após 18 meses (26 x 11%). Importante destacar que a qualidade de vida foi melhor e os eventos adversos, menos frequentes nos pacientes que utilizaram Pembrolizumabe (64 x 86%), incluindo os graves (18 x 41%).
Essa notícia é mais um avanço proporcionado pela imunoterapia, agora no tumor de esôfago, e que deve beneficiar muitos pacientes, trazendo não só mais tempo, mas também mais qualidade de vida. Aproveitamos para sempre reforçar que a vida saudável é, muitas vezes, consequência de hábitos saudáveis, portanto, evitar álcool em excesso, não fumar, manter uma dieta balanceada e um peso adequado são grandes passos para a prevenção do câncer de esôfago. Continuamos sempre alertas para novidades que possam mudar a trajetória da doença para o nosso eterno foco: nossos pacientes.
Referências:
Metges J, et al. The phase 3 KEYNOTE-181 study: pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer. Ann Oncol. 2019;30(suppl_4):iv130
Kojima T, et al. Pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer: Phase III KEYNOTE-181 study. J Clin Oncol. 2019;37(suppl_4;abstr 2)