Abril é o mês da conscientização sobre o câncer de testículo, doença que quando comparada aos “famosos” cânceres de mama e próstata, tem muito pouco prestigio na mídia. É verdade (sim!) que trata-se de uma doença rara e cercada de muitos tabus, já que acomete o órgão genital/sexual masculino. Responde por algo entre 1 a 3% de todos os cânceres do mundo; é, porém, o principal câncer sólido (com exceção das leucemias e linfomas) diagnosticado em homens entre 15 e 35 anos.

O câncer de testículo já teve seus “momentos de glória”, quando atletas famosos do mundo do basquete, ciclismo e futebol diagnosticaram a doença. O que pouca gente fala (e que é o mais importante) é que o câncer de testículo tem altíssimas taxas de cura com a cirurgia do testículo (orquiectomia) e a quimioterapia, mesmo quando a doença se apresenta com metástases em outros órgãos (os mais comuns: pulmão e linfonodos). Sendo assim, conversar, discutir, quebrar tabus e (o mais importante) estimular a busca pelo diagnóstico precoce são práticas que tendem a aumentar ainda mais a chance de cura desse tipo de câncer.

Mas como? Como podemos diagnosticar o câncer de testículo em sua fase inicial?

O mais importante é reconhecer os sinais e sintomas mais frequentes da doença, assim como identificar homens com fatores de risco para o seu desenvolvimento. Dessa forma, é possível procurar auxílio médico no momento correto.

O câncer de testículo geralmente se apresenta como um nódulo (caroço) no órgão, que pode ou não doer, alterar a consistência e a cor do mesmo, e que quase sempre é percebido pelos homens quando eles tocam a parte genital. Não incomumente, a parceira do paciente pode ser a responsável por notar tais alterações. Como já dito, muitos destes homens (jovens, como se espera para a faixa etária alvo desta doença) vem o exame do testículo como um tabu ou motivo de vergonha e, por isso, hesitam em procurar auxílio médico no início dos sintomas, o que acaba atrasando a detecção precoce de um possível tumor. Vale lembrar que outras doenças benignas também podem acometer o testículo (orquite, epididimite, hidrocele, torcao testicular, outras). Sendo assim, na presença dos sintomas citados, o exame do testículo por um profissional médico e a realização de exames complementares (ultrassom, exames de sangue específicos e até tomografias) certamente vão auxiliar no diagnóstico exato para cada individuo. Sintomas mais incomuns do câncer de testículo e que sugerem um quadro mais avançado são dores abdominais, tumorações no abdome, tosse, falta de ar e o surgimento de gânglios (linfonodos) na região cervical e/ou acima da clavícula.

Existem algumas condições de saúde que são sabidamente fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de testículo. É o caso da criptorquidia (popularmente conhecida como “testículo que não desceu” ou “testículo mal posicionado”). A criptorquidia é definida pela ausência ou a não localização do testículo na bolsa escrotal. Nesta condição, o testículo (que durante o desenvolvimento fetal é gerado e se localiza dentro do abdome) pode se apresentar no trajeto de “descida” até o escroto (mais comumente na região inguinal) ou até mesmo na dentro da cavidade abdominal. Para alguns homens portadores desta condição, faz-se necessária a monitorização deste testículo mal posicionado e, eventualmente, a abordagem cirúrgica para correção ou retirada do mesmo. Estudos sugerem que homens com criptorquidia tem 3% mais chance de desenvolver câncer de testículo do que aqueles sem esta condição. Por fim, e não menos importante, a literatura sugere um risco maior de câncer testicular para pacientes com familiares com histórico da neoplasia em questão. Filhos e parentes próximos (irmãos, primos de primeiro grau) de indivíduos portadores de câncer de testículo parecem ter um risco maior (2 a 5 vezes maior) de desenvolver a doença.

É isso por hoje! A mensagem que fica é que devemos, sim, lembrar da existência do câncer de testículo, e que qualquer alteração na região genital deve ser avaliada o quanto antes por um profissional de saúde. O diagnostico precoce possibilita o adequado tratamento e aumenta ainda mais a chance de cura. Já para aqueles indivíduos que tem um histórico familiar de câncer testicular e/ou criptorquidia, é importante manter um seguimento regular de saúde com seu médico para monitorar possíveis alterações suspeitas. Caso necessário, um especialista na área de urologia pode e deve ser consultado.