O coronavírus (causador da COVID-19) – um vírus que acomete principalmente as vias respiratórias superiores e os pulmões podendo causar quadros graves de pneumonia e insuficiência respiratória, especialmente nos mais idosos e com doenças crônicas – acertou em cheio o mundo como um rolo compressor, fazendo com que várias certezas fossem colocadas em xeque! Qual a melhor forma de nos protegermos? Devemos ficar isolados ou tentarmos adquirir imunidade o quanto antes? Favorecer a saúde ou a economia? O que mata mais: a doença ou a pobreza? O que fazer para barrar a transmissão? Várias perguntas sem uma resposta definitiva, até porque a COVID-19 passou a se disseminar desde dezembro de 2019, na China, e em pouco tempo se espalhou pelo mundo inteiro causando o maior bloqueio que a economia já viu. Isso porque nem mesmo durante as grandes guerras, o impacto foi tão grande no mundo inteiro.

A medida que a doença avança e adquirimos mais conhecimento sobre a pandemia, algumas estratégias de combate ao vírus vão ganhando força e sendo implementadas. A primeira delas é o isolamento social. Esta claro que os países que conseguiram isolar as pessoas dentro de suas casas mais cedo, estão tendo resultados melhores, como uma velocidade de disseminação menor e menos colapso no sistema de saúde. Com isso menos pessoas morrerão pelo fato de não terem acesso ao tratamento e ao suporte necessário nos casos mais graves. Outra estratégia que vem ganhando força no mundo inteiro é o uso de máscaras por todas as pessoas que saem de casa. Inicialmente a recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde era que apenas as pessoas sintomáticas e profissionais de saúde usassem máscaras.

Mas a observação de que países onde culturalmente o uso de máscaras pela população é mais difundido – como Japão, Coreia do Sul e a República Tcheca – estão tendo melhores resultados no combate ao vírus, tem levado as organizações de saúde recomendar o uso do acessório por todos que saírem às ruas. Isso porque as pessoas contaminadas pelo vírus que são assintomáticas (aquelas sem sintomas) têm papel importante no ciclo de contaminação e disseminação da doença. Isso levou o Ministério da Saúde a mudar, em 2 de abril de 2020, a recomendação para que todas as pessoas, mesmo aquelas sem sintomas, usem máscaras ao saírem às ruas, embora o ideal seja manter o isolamento e permanecer em casa.

Estudo recente chinês mostrou que muitas pessoas se infectaram a partir de outras que não tinham nenhum sintoma e saíam as ruas. Essas pessoas, ao falarem, dispersavam gotículas contaminadas pelo vírus e assim outros se infectavam. As máscaras funcionam como barreiras físicas para essas gotículas maiores. Outros estudos no Japão mostraram que o uso de máscaras por toda população foi decisivo para desacelerar o número de novos casos da doença.

Mas algumas dúvidas ainda pairam no ar. E as respostas nem sempre são dotadas de certeza aritmética. As máscaras protegem 100% contra a disseminação do vírus? Certamente, não. A proteção não é de 100% e, por isso, devemos continuar sempre com as demais medidas de proteção, como lavar as mãos com água e sabão e usar o álcool 70%, manter isolamento social e distância de dois metros de outras pessoas. De todo modo, as máscaras podem ajudar a minimizar a dispersão do vírus. Então, qual o tipo de máscara mais adequada, visto que existem diferentes tipos, com graus diferentes de proteção? Uma coisa é fato: se todas as pessoas usarem máscaras industrializadas (essas que são usadas em hospitais), faltarão equipamentos de proteção para médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, que estão mais expostos ao contágio e na linha de frente de combate ao vírus.

O ideal é que as pessoas usem máscaras caseiras, feitas de algum tecido mais grosso, que sirva como barreira física. Essas máscaras devem ser usadas ao sair de casa para ir ao mercado ou à farmácia e devem sempre ser lavadas ao retornar para casa. Sempre que for sair, deve-se colocar uma máscara limpa e lavada. Pode-se confeccionar máscaras com outros materiais, como lenços de pano Perflex, que são usados para limpeza de cozinhas e eletrodomésticos. Essas devem ser descartadas após cada saída de casa e nunca reutilizadas. Novamente ressaltamos que essas máscaras não protegem 100%, mas podem ser importantes na diminuição da transmissão do vírus. Mais do que proteger aqueles que não tem a doença, talvez a maior função seja evitar que aqueles doentes que não sabem que estão doentes (são justamente os que saem de casa), possam espalhar o vírus pelo ar, próximos de outros.

Além das máscaras caseiras, temos as industrializadas que basicamente são de dois tipos: as máscaras cirúrgicas convencionais, feitas de material não tecido. São encontradas em farmácias, mas o seu uso em grande escala tem feito elas desaparecerem com tamanha rapidez que virou objeto de desejo de muitos. Mesmo no ambiente hospitalar, seu uso tem seguido algumas normas, para evitar o desperdício e, com isso, garantir que não faltarão máscaras no momento de agravamento da pandemia. A outra máscara industrializada é a chamada N95 (conhecida popularmente como bico de pato, pelo seu formato) e é equivalente à máscara PFF2. Essa máscara protege contra partículas pequenas e aerossóis e é a mais indicada para profissionais de saúde que lidam diretamente com casos suspeitos ou confirmados da doença. São as que mais protegem porque têm capacidade de filtração de cerca de 95%, maior que a máscara cirúrgica convencional. Mas também precisam ser manipuladas de forma adequada porque a parte externa pode ficar contaminada pelo vírus e se for manuseada de forma errada pode não impedir a infecção.

Como as máscaras devem ser colocadas? Sempre deve-se lavar as mãos com água e sabão antes de colocá-las. A máscara deve cobrir a boca e o nariz e não se deve colocar a mão na parte da frente ou interna da máscara. Quando for retirar, a parte de traz, onde é amarrada, deve ser o único local tocado. Sempre que a máscara estiver úmida ou suja deve ser trocada ou a cada duas horas. Assim que chegar em casa, ela deve ser colocada para lavar se for de pano ou descartada se for de outro material, de preferência em um lixo separado dos demais. Deve-se evitar ao máximo colocar as mãos no rosto e ficar tentando ajustar a máscara toda hora e sempre deverá lavar as mãos após a retirada.

O uso de outros materiais, que não tecido, não estão indicados para confecção de máscaras caseiras. O uso de sacolas plásticas, por exemplo não é recomendado por poder causar sufocamento e piorar a qualidade do ar respirado, propiciando outras infecções. Os tecidos usados em casa, não têm a trama tão fechada e, por isso, sua proteção não será de 100%, principalmente contra partículas pequenas, mas pode proteger contra as partículas maiores.

Para finalizar, portanto, é importante entender que as máscaras de pano protegem pouco os indivíduos que as usam, no intuito de evitar que “peguem o vírus”, mas podem evitar que aquelas pessoas já infectadas e que não sabem se têm a doença (por não ter sintomas ou ter apenas sintomas leves), espalhem partículas com o vírus para o ambiente e para pessoas próximas. Por isso ser “mascarado”, nesse momento, pode ajudar a salvar vidas. Além disso as outras medidas como isolamento social, lavar bem as mãos e manter a distância de dois metros de outras pessoas continuam sendo as mais importantes. Nunca o lema “um por todos e todos por um” foi tão verdadeiro e importante como agora.