Gentileza, dentre seus significados, pode ser traduzida como uma forma de atenção, de cuidados, que torna os relacionamentos mais humanos.

Segundo pesquisadores, o poder da gentileza vem basicamente de três aspectos: não maleficência, humildade e honestidade. Um dos pontos mais importantes a se saber é que quem mais de beneficia dos atos de gentileza é aquele que inicia o ato em si. Nesse sentido, a Universidade de Emory (Georgia – EUA) conduziu uma pesquisa em que os participantes que praticaram gentileza tiveram seus centros de recompensa e prazer cerebrais ativados com a mesma intensidade que aqueles que recebiam os atos.

Ser gentil libera serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade. Também diminui nossos níveis hormonais de cortisol, hormônio este de defesa e liberado em situações de estresse. Este último, por sua vez, nos deixa tristes, enquanto a gentileza, felizes. Estresse enfraquece o sistema imune, enquanto a gentileza, fortalece. Estresse acelera o envelhecimento, enquanto a gentileza, retarda. Indo mais além, talvez a melhor coisa sobre a gentileza é que se pode aprender como praticá-la e ensiná-la. É contagiosa.

Outra pesquisa conduzida em Oxford encontrou que quem praticou um ato de gentileza diariamente por sete dias foi significativamente mais feliz do que quem não praticou e que a dimensão da felicidade estava proporcionalmente relacionada ao número de atos de gentileza praticados: quanto mais atos, maior a felicidade.

Kristine Carter, da UC Barkeley (Califórnia – EUA), escreveu em livro chamado Raising Happiness, no qual ela demonstrou que quem pratica voluntariado apresenta menos dores e, além disso, os que se voluntariam para mais de uma organização têm significativamente menos chances de morte precoce. Esse efeito sobre eles foi ainda melhor que a própria prática de atividade física, na intensidade de quatro vezes por semana.

A não maleficência pode até parecer uma qualidade passiva, porém é exatamente o contrário, uma vez que exige autoconhecimento, inteligência e boa vontade. De maneira consciente ou não, é por meio da escolha por não fazer o mal que optamos por tornar a vida dos que nos rodeiam mais fáceis. O filósofo Philo de Alexandria já dizia: “Seja gentil com o outro, porque todos estão enfrentando uma grande batalha” – só podemos coexistir se tivermos respeito um pelo outro e isso acontece a partir do momento que reconhecemos as batalhas de cada um, sem criar mais obstáculos a isso.

Humildade pode ser a maior das forças e das ferramentas para o crescimento pessoal. Ela nos coloca como aprendizes, em movimento constante de se corrigir e melhorar e é isso o que nos torna mais capazes de ouvir também. Somos todos falíveis e quando nos permitimos aprender lições aceitamos ser o que somos, reconhecemos nosso lugar no mundo e abrimos espaço para os outros.

Honestidade está na base da gentileza e é a fundação de atos genuínos. Ser honesto muitas vezes é mais difícil do que dizer sim quando se quer dizer não, ou sorrir em um momento de agonia. No entanto, sempre vale a pena quando se opta pela transparência. A mentira gera estresse e ansiedade e seguir mentindo é extremamente cansativo. Como na Divina Comédia, de Dante, em que os hipócritas no inferno deveriam usar exaustivamente capas pintadas de dourado glamorosas, mas falsas, para representar a todo momento o que não são e o que nunca serão.

Isto também nos serve na medida em que ser o mais verdadeiro possível conosco alivia a necessidade de viver uma história que nós não escrevemos para nós mesmos. Quando mostramos quem somos, dividimos nossas histórias, convidamos pessoas a fazer o mesmo e descobrimos que não estamos sozinhos, mas sim com mais sete bilhões de pessoas, cada uma com sua luta pessoal, muitas vezes muito similar às nossas.

Gentileza mora na simplicidade. Em um simples sorriso para seu médico, em uma palavra de carinho para seu paciente ou em um apoio para seu colega de trabalho. Como diria o Profeta, gentileza gera gentileza.