Recentemente, o cigarro eletrônico foi tema do Alerta Oncologia e de dois textos no blog do Grupo SOnHe (Dr. David e Dr. Vinícius) e isso não foi por acaso. As polêmicas em relação ao seu uso têm se tornado cada vez mais frequentes, em virtude do dilema entre redução do tabagismo como estratégia de promoção da saúde e aumento do uso dos e-cigarrettes. Agora, em agosto de 2019, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) lançou um manifesto de apoio à resolução da ANVISA, de 2009, que proíbe a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil até hoje (RDC 46/2009).
Este manifesto foi motivado pelo novo relatório publicado em 26 de julho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tabagismo no mundo. Nele, o Brasil foi destacado por apresentar um programa de controle de tabagismo do mais alto nível, desde a conscientização da população, passando pelos impostos sobre o produto e chegando até as proibições de uso do cigarro em locais públicos. Aliado a isto, os dados animadores do Ministério da Saúde mostram uma redução do número de fumantes no Brasil de 35% (1989) para menos de 15% em 2013, com novos dados de 2018 sugerindo que essa taxa baixou para 10%.
Essa situação vem contrastando com a expansão do uso dos cigarros eletrônicos pelo mundo, muitas vezes por influência da própria indústria, que usa um discurso de redução de danos, como se esses produtos fossem “light”. Entretanto, como extensamente explicado por nós, do Grupo SOnHe, e pelo próprio INCA, as evidências sobre os cigarros eletrônicos apontam que estes são, sim, um risco à saúde, além de aumentarem a iniciação de pessoas não fumantes no hábito do tabagismo, principalmente na população mais jovem. Dentre os danos, estão também o risco de câncer pelo vapor quente e das doenças cardiovasculares pela nicotina presente nos e-cigarrettes.
Vale citar uma frase do manifesto do INCA: “os interesses da saúde pública são contrários aos da indústria do tabaco, sendo, portanto, incompatíveis nos objetivos pretendidos”. E isso embasa e reforça o apoio irrestrito do INCA à manutenção da proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil, visando sempre a promoção da saúde e o objetivo de tornar o Brasil um país livre do tabaco.
O grupo SOnHe, preocupado com a saúde da população e em busca da redução dos hábitos que aumentem o risco de câncer, apoia o manifesto e alerta à comunidade de que o que conquistamos no combate ao tabagismo não pode ser perdido.
Referências:
https://www.who.int/tobacco/global_report/en/
https://www.inca.gov.br/noticias/inca-lanca-manifesto-por-brasil-livre-do-tabaco