A moda recente dos cigarros eletrônicos (e-cigarrettes) tem gerado discussões entre cientistas. Apesar da contribuição para a redução do número de fumantes de cigarros normais no mundo, há ainda muitas dúvidas quanto aos riscos e benefícios do aumento de usuários dos eletrônicos (aproximadamente 5% da população dos EUA faz uso).

Os e-cigarrettes são basicamente aparelhos vaporizadores de nicotina que utilizam substâncias associadas (água, solventes e aromatizantes) para produzir tal efeito. Ou seja, os efeitos extremamente danosos da nicotina – incluindo as doenças cardiovasculares e a dependência – continuam como riscos enormes à saúde. Ao mesmo tempo, uma questão-chave é que não há dados sobre as consequências à longo prazo, visto que a inalação de vapor quente associado às substâncias citadas são potencialmente causadores de doenças pulmonares e do trato respiratório, incluindo câncer de pulmão e de cabeça e pescoço.

Os defensores dos e-cigarrettes fiam-se no fato do número absoluto de substâncias carcinogênicas ser menor do que o cigarro normal. Além disso, os e-cigarrettes podem ajudar alguns tabagistas a pararem de fumar, porém a evidência ainda não é contundente. Entretanto, isso não justifica o uso indiscriminado, muito menos o seu estímulo, já que a ciência não demonstrou segurança à longo prazo.

A recomendação ideal continuará sendo sempre evitar uso de cigarros (eletrônicos ou não), visto que o impacto conhecido de ambos na saúde individual e populacional é gigantesco em função não só do câncer, mas também das doenças cardiovasculares, que ainda são a maior causa de morte em várias partes do mundo.

 

Referências:

Glasser AM, et al. Overview of Electronic Nicotine Delivery Systems: A Systematic Review. Am J Prev Med 2017;52(2):e33-e66

Martinez U, et al. How Does Smoking and Nicotine Dependence Change after Onset of Vaping? A Retrospective Analysis of Dual Users. Nicotine Tob Res 2019;pii:ntz043