No Brasil e no mundo, uma em cada oito mulheres será diagnosticada com câncer de mama durante a vida. No entanto, as taxas de cura são crescentes e maiores do que nunca. Quando pensamos em como ter mais chances contra o câncer de mama, imediatamente falamos na mamografia, mas nem sempre foi assim.

Foi graças aos esforços incansáveis ​​feitos por médicos, engenheiros, ativistas e políticos que esta tecnologia atingiu seu fundamental papel na saúde feminina, resultando em significativa redução no risco de morte por câncer de mama.

Aqui está uma parte da fascinante e não tão breve história da mamografia, que em partes nos remete à própria condição humana, de incansável busca pela sobrevivência. Nos últimos 100 anos, avanços tecnológicos significativos ocorreram para ajudar os médicos no diagnóstico precoce do câncer de mama, aumentando assim as chances de cura, com notórios mais de 30% de redução no risco de morte pela doença.

Em 1913, dezoito anos após a descoberta do raio X, em 1895, Dr. Albert Salomon, um cirurgião alemão, iniciou um estudo em que usou esses raios recém-descobertos em 3.000 mastectomias, correlacionando o tecido cancerígeno já conhecido dessas amostras de mama às radiografias tiradas do mesmo seio. Ele descobriu microcalcificações e outras alterações nas imagens que estavam associadas ao câncer de mama. Foi da junção dessa brilhante ideia, com a não menos revolucionária descoberta do raio X, que surgiu a ferramenta que mudaria para sempre a história do câncer mais prevalente nas mulheres. Em 1949, Raul Leborgne, um radiologista do Uruguai, apresentou à comunidade médica a técnica de compressão da mama, que trouxe uma avaliação bastante melhorada, inaugurando o que chamamos de mamografia moderna. A partir daí, os avanços jamais pararam e os esforços de cientistas de diversos países resultaram em consecutivos aperfeiçoamentos da tecnologia. Na década de 60, o homem pisou na Lua pela primeira vez e mulheres do mundo todo receberam as primeiras unidades de mamografia disponíveis para a sua mais importante prevenção. Certamente, foi um grande marco da história da saúde feminina, e nos faz pensar que as mulheres também tiveram sua verdadeira “Apollo 11” naquela mesma década. À medida que a tecnologia avançou, a imagem digital tornou-se o método preferido de imagem da mama, por ser realmente ainda mais eficaz. Em 2000, foi aprovada a primeira unidade de mamografia digital e, uma década depois, veio a tecnologia de imagem de mama 3D, que rapidamente se mostrou superior à imagem digital e é amplamente utilizada hoje. A tecnologia por trás da mamografia evoluiu em paralelo com as necessidades das mulheres sendo rastreadas. No início, o foco era conscientizar as mulheres sobre os benefícios da triagem mamária de rotina. Nesse sentindo, o movimento ainda hoje conhecido como Outubro Rosa nasceu na década de 90, nos Estados Unidos, com a missão de promover ações de conscientização diretamente com o público. Era a vez dos ativistas entrarem em ação nessa história e exercerem um importante e duradouro papel. Esse movimento se espalhou rapidamente por todo o mundo e o seu impacto está ainda hoje entre as maiores ações socias da história da saúde humana.  Agora, os médicos e cientistas entendem cada vez mais sobre o câncer de mama. E as mulheres também sabem mais sobre a mamografia. Há um foco crescente em capacitar as mulheres para que participem de forma ativa no gerenciamento de  sua própria saúde e em aumentar a disponibilidade de acesso aos aparelhos de forma uniforme, para que a mamografia continue, todos os dias, mudando positivamente a história de mulheres ao redor do globo todo.

Mesmo com os benefícios citados, dados divulgados no ano passado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia demonstram que o  percentual de cobertura mamográfica de 2017 nas mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é o menor dos últimos cinco anos. Eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e foram realizadas apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Agende, faça sua mamografia, cuide de vc e de sua saúde!