Felipe Borba Calixto

Dermatologista

 

O câncer de pele não melanoma (carcinomas basocelular e espinocelular) é considerado o mais comum no mundo, com crescente incidência e importante morbimortalidade, representando um significativo problema de saúde publica. A maioria está associada à radiação ultravioleta, porém há outros fatores, incluindo predisposição genética, bronzeamento artificial, exposição à radiação ionizante, agentes químicos orgânicos, imunossupressão, feridas crônicas e infecção por papilomavirus humano (HPV). Indivíduos de fototipo baixo (pele, olhos e cabelos claros), que possuem múltiplas sardas, têm maior risco para o desenvolvimento de câncer de pele. Sendo assim, esforços preventivos destinam-se a reduzir a incidência e o prejuízo estético-funcional, além de melhorar a qualidade de vida e a saúde da população.

Desde os primórdios da humanidade existe a preocupação com os cabelos. Sua ausência e/ou perda da qualidade afetam diretamente o bem-estar dos indivíduos, com prejuízo de sua qualidade de vida e relação inter-pessoal. Além de exercer importante função estética e sexual, os cabelos servem como proteção do couro cabeludo contra radiação solar, traumas e exposição às baixas temperaturas. Com a idade, há diminuição da densidade dos cabelos e afinamento da haste e perda na qualidade e quantidade dos fios, levando a um maior risco para o desenvolvimento de manchas solares, lesões pré-cancerígenas e tumores cutâneos em razão da menor proteção do couro cabeludo. Sendo assim, o exame dermatológico sempre deve ser completo, avaliando toda a extensão da pele, desde as plantas dos pés até o couro cabeludo, áreas cobertas e expostas ao sol.

Tumores do couro cabeludo constituem cerca de 2% de todos os tumores cutâneos, sendo que os cânceres de pele não melanoma (CPNM) apresentam alta incidência, potencial de invasão local, tendência à recidiva, significativa morbimortalidade e alto custo à saúde pública. Os fatores de risco mais importantes dos CPNM do couro cabeludo são sexo masculino, idade superior a 60 anos, alopecia androgenética (calvície), cabelos claros e finos, antecedente pessoal de câncer de pele e exposição solar precoce e crônica. Sendo assim, medidas preventivas e terapêuticas devem ser adotadas na rotina de qualquer individuo sob risco.

A fotoproteção pode ser compreendida como um conjunto de medidas direcionadas a reduzir a exposição ao sol e a prevenir o desenvolvimento do dano solar agudo e crônico. São consideradas medidas fotoprotetoras: fotoproteção tópica (protetor solar), oral (polifenóis, vitaminas, carotenóides, ômega 3, polypodium leucotomas, entre outros) e mecânica (roupas, chapéus, óculos de sol, vidros e coberturas naturais ou artificiais), além da educação da população em relação às consequências da exposição solar (fotoeducação).

 A fotoproteção dos cabelos é feita com os mesmos princípios ativos utilizados na pele, adicionados às formulações de uso capilar, como condicionadores, géis e sprays. A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda a combinação do maior número possível de medidas na prevenção do dano solar e evitar a exposição ao sol sem a adequada proteção, principalmente entre 10h e 15h. O exame dermatológico rotineiro é fundamental na prevenção, detecção precoce e tratamento adequado de tumores de pele e suas lesões precursoras.

Previna-se!