No Congresso Europeu de Oncologia Clínica, ocorrido em Munique, de 19 a 23 de outubro, foram discutidos e apresentados estudos sobre diferentes tipos de tumores. Especificamente sobre câncer de próstata, algumas novidades podem mudar a prática médica atual.

As evidências mais importantes surgiram a partir de um estudo que avaliou o uso de radioterapia para tratamento local, da próstata, em pacientes que já apresentavam disseminação a distância, com metástases ao diagnóstico. Habitualmente, estes pacientes, já com doença considerada incurável, recebem apenas tratamento com hormonioterapia.

O estudo com mais de 2.000 pacientes demonstrou que, de uma forma global, a radioterapia não mudou a evolução dos casos. No entanto, em um grupo de pacientes com um número pequeno de metástases, a radioterapia foi capaz não só de atrasar a evolução da doença como também de aumentar a expectativa de vida. Desta forma, atualmente, além de se discutir sobre quimioterapia e hormonioterapia, pacientes com doença avançada também precisam discutir o tratamento local da próstata. Importante pesar os riscos, os efeitos colaterais da radioterapia, com os benefícios esperados com o tratamento. Mas a ideia de se tratar a origem da doença, a fonte das metástases, com radioterapia (ou mesmo cirurgia) ganha força.

Alguns outros estudos consolidaram o que os médicos já faziam na prática clínica. Um deles confirmou que o uso de quimioterapia para câncer de próstata localizado não deve ser indicado, pois não aumenta as chances de cura e nem atrasa a ocorrência de metástases.

Importante: um dos estudos que demonstrou que a utilização mais precoce de uma das novas hormonioterapias, a abiraterona, proporcionou melhor qualidade de vida associada à maior expectativa de vida dos pacientes com câncer de próstata. Antes, se esperava o câncer ficar resistente a supressão convencional de hormônios. Hoje, sabe-se que o uso de abiraterona logo ao diagnóstico da doença avançada é melhor. Já a sua combinação (utilização concomitante) com novos tratamentos, como o Radium-223 não melhorou os resultados também. Assim, mantém-se a rotina atual, que é a utilização sequencial deles.