O câncer de ovário é uma doença silenciosa na qual os sintomas aparecem em estágios avançados, justificando seu posto de maior causa de morte entre os tumores ginecológicos nas mulheres norte-americanas. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 6.150 casos novos em 2018, ocupando a oitava posição entre os tumores mais frequentes em mulheres. Diante da importância do tema, separamos algumas perguntas relevantes.

– Quais pacientes apresentam maior risco de desenvolver o câncer de ovário?

A idade é um fator importante. A maioria dos casos ocorre em mulheres acima de 50 anos. Os outros fatores são: história familiar de câncer de ovário e mama, nunca ter ficado grávida, primeira menstruação precoce, menopausa tardia, endometriose e reposição hormonal na pós-menopausa.

Atenção especial deve ser dada para as síndromes genéticas, que aumentam significativamente o risco, favorecendo o diagnóstico em idades mais jovens. Estima-se que uma mulher com mutação do BRCA 1 tem risco de 35 a 46% e mulheres com mutação do BRCA 2, de 13 a 23%, de desenvolver câncer de ovário durante a vida. Nessas pacientes, a realização de cirurgia profilática de retirada do órgão deve ser considerada.

– Quais são os sintomas da doença?

Na fase inicial as pacientes costumam ser assintomáticas. Conforme o tumor se torna avançado, os sintomas mais frequentes são a distensão abdominal, náuseas, vômitos, perda de apetite, aumento do volume do abdome pela formação de liquido (ascite) ou obstrução do intestino.

 

– Existe algum exame de rastreamento?

Rastreamento é a realização de exames em pacientes assintomáticos, com intuito de realizar diagnóstico de uma doença em fase precoce, aumentando as chances de cura. Diante de um tumor silencioso como o de ovário, realizar exames de rastreamento parece algo óbvio, porém infelizmente até o momento nenhum método mostrou-se efetivo para a população geral. Diversos estudos tentaram realizar ultrassom transvaginal e marcador tumoral (Ca 125), porém sem benefício significativo em reduzir a mortalidade. Desta forma, não é rotina realizar exames nas mulheres.

– Como é realizado o diagnóstico?

A paciente deve ser avaliada por um médico para exame físico do abdome e ginecológico, exames de sangue com marcador tumoral (Ca 125) e exames de imagem com ultrassom transvaginal, tomografia e ressonância. Na presença de uma lesão suspeita, deve-se prosseguir com uma biópsia.

– Existem fatores de proteção?

É importante manter hábitos de vida saudáveis, evitando a obesidade e tabagismo e realizando exercícios físicos regulares. Outros fatores de proteção comprovados são o uso de contraceptivos orais, múltiplas gestações, amamentação, cirurgia de retirada dos ovários e das trompas.

– Quais as opções de tratamento?

O tratamento depende do estágio da doença. Quando o tumor está restrito aos ovários ou órgãos próximos, as principais opções de tratamento são a cirurgia e a quimioterapia. Quando o tumor se disseminou para outros órgãos mais distantes, a chamada metástase, o tratamento inicial é a quimioterapia, podendo ser associada às terapias-alvo.

Nos últimos anos, grandes avanços foram realizados no tratamento desta neoplasia, mas o diagnóstico precoce continua sendo a chave para as melhores chances de cura. Portanto, não deixe de realizar acompanhamento médico ginecológico de rotina!