O câncer de mama continua sendo a neoplasia mais comum entre as mulheres no mundo, tornando-se um importante problema de saúde e atraindo, assim, a atenção de pesquisadores ao redor do globo todo.
O melhor conhecimento desta doença trouxe importantes avanços em seu tratamento e, como consequência, temos convivido com os dados cada vez mais expressivos de pacientes curadas do câncer de mama. E, mesmo as mulheres que ainda não podemos curar, as notícias de melhorias no tratamento têm trazido um impacto surpreendente nos desfechos clínicos e na vida de cada uma de nossas pacientes.
E vamos às novidades:
Consagra-se de forma cada vez mais perene a nova classe de medicação: os inibidores de CDK4 / 6, comprovando de forma robusta sua eficácia no tratamento do câncer de mama metastático do subtipo luminal.
Como esta medicação ainda não estava disponível no Brasil (sua aprovação acaba de ser confirmada), foi importante entender como os médicos de outros países – que já a usam no cotidiano – vem observando os efeitos colaterais e benéficos. O que concluímos é que o padrão de efeitos colaterais vistos na prática clínica é bastante condizente com o descrito nos estudos clínicos, que mostram um padrão de toxicidades manejáveis, com neutropenias afebris e sem grandes complicações clínicas. Também se ressalta que as pacientes estão apresentando boas taxas de resposta da doença, que se iniciam em um intervalo curto de tempo após início das medicações.
Outra classe de fármacos que ganha cada vez mais espaço são os inibidores da PARP, e, dessa vez, foram reapresentados os resultados dos estudos clínicos randomizados realizados no grupo de pacientes com câncer de mama hereditário (mutações no BRCA 1 e 2). Observamos que o benefício clínico com o uso de inibidores da PARP para pacientes com doença metastática é superior em todos os subconjuntos de pacientes, independente do subtipo molecular do tumor, número de linhas anteriores de quimioterapia, tipo de mutação BRCA ou presença de metástase no sistema nervoso central.
Outro interessante e importante tema discutido refere-se especificamente aos tumores do subtipo triplo negativo. Cada vez mais o conhecimento adquirido sobre esta doença nos faz caminhar na conclusão clara de que existem mesmo subtipos diferentes de tumores triplo negativos, incluindo uma vasta diversidade de caminhos moleculares e alterações genéticas e, por isso, há um comportamento clínico tão diverso nesse subgrupo de pacientes. Assim sendo, as novas estratégias terapêuticas para tratamento dos tumores triplo negativo já incluem terapias-alvo específicas para cada subtipo de tumor triplo negativo, como exemplo, o uso de antagonistas do receptor de andrógeno (enzalutamida e outros) e o sacituzumab-govitecan (anticorpo anti-TROP 2 associado ao metabólito ativo do irinotecano).
Por fim, é importante ressaltar que foi amplamente discutida a recente aprovação do uso de uma abordagem conjugada de dois anticorpos monoclonais no tratamento adjuvante das pacientes com câncer de mama do subtipo Her-2 amplificado (que representam aproximadamente 20% de todas as pacientes com câncer de mama), conforme dados do já apresentado estudo Aphinity. Já sabíamos que a associação de Pertuzumabe e Trastuzumabe foram capazes de mudar completamente os paradigmas deste subtipo de doença no cenário metastático. E, hoje, sabemos que as pacientes que têm linfonodos axilares positivos e são consideradas como tendo alto risco de recidiva, também se beneficiam da combinação no cenário da adjuvância.
Além destes dados, outros vários temas importantes sobre o câncer de mama foram abordados, tais como: individualização do tratamento do câncer de mama em idosas e em pacientes extremamente jovens, aspectos psicossociais das pacientes com câncer de mama, abordagem das síndromes genéticas envolvendo tumores mamários, entre outros.
Não há dúvidas de que além de todas as aulas apresentadas e de todo conhecimento adquirido, foi de extrema importância poder compartilhar um pouco sobre os casos dos nossos consultórios com outros experientes colegas que também são especialistas reconhecidos no tratamento do câncer de mama e, desta forma, conquistar melhores desfechos e boas decisões para as nossas pacientes.
Após este evento, retorno ainda mais animada e sigo cada vez mais motivada para continuar meu caminho no tratamento de pacientes com câncer de mama.