esôfago é um tubo muscular que leva o alimento desde a garganta até o estômago. Possui aproximadamente 25 cm de comprimento 3 cm de diâmetro desde sua origem até a ligação com o estômago. Está em contato direto com estruturas do pescoço (laringe, tireóide e nervos da corda vocal), do mediastino posterior, região do meio do tórax junto ao coração, aorta, pulmões, diafragma e abdome.

O câncer de esôfago é uma lesão maligna que geralmente começa nas células que revestem o interior do órgão (mucosa). Ele acomete mais os homens do que as mulheres, entre 50 e 70 anos de idade. É o 6º tipo de câncer mais frequente entre os homens e 13º entre as mulheres, (excetuando-se o câncer de pele não melanoma). O tipo de câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma epidermoide escamoso, responsável por aproximadamente 95% dos casos. Outro tipo, o adenocarcinoma, vem aumentando significativamente. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2018 o Brasil terá 10.790 novos casos desse câncer, sendo 8.240 em homens e 2.550 em mulheres. Apesar de pouco prevalente, o câncer de esôfago tem uma alta letalidade. No ano de 2013 ele foi responsável por 7.930 mortes, sendo 6.203 em homens e 1.727 em mulheres.

O tabagismo é o principal fator de risco para a doença. O outro é a ingestão sistemática de álcool. Em especial, a associação do tabaco (cigarro, charuto ou cachimbo) à bebida alcoólica funciona como agravante para o aparecimento do carcinoma epidermoide. Outros fatores de risco incluem: infecção pelo papiloma vírus humano – HPV; tilose (espessamento da pele nas palmas das mãos e na planta dos pés), acalasia (falta de relaxamento do esfíncter entre o esôfago e o estômago), esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago provocado pela acidez do refluxo gastroesofágico), lesões cáusticas (queimaduras, geralmente causadas por ingestão acidental de cáusticos),  megaesôfago causado pela doença de Chagas que leva à perda dos movimentos de contração (peristálticos) entre outros menos frequentes.

Na maioria dos casos, os cânceres do esôfago são diagnosticados em função dos sintomas. O diagnóstico em pessoas assintomáticas é raro e geralmente acidental. Infelizmente, a maioria dos cânceres de esôfago não causam sintomas até que tenham atingido um estágio avançado, quando eles são mais difíceis de serem tratados. O sintoma mais comum de câncer de esôfago é o problema da deglutição, a sensação de que a comida está presa na garganta, denominada disfagia. A disfagia é geralmente um sintoma causado por um câncer já de tamanho considerável, avançado. Quando a deglutição se torna difícil, as pessoas costumam mudar a dieta e os hábitos alimentares sem perceber, passam a comer pequenas porções e a mastigar os alimentos lentamente, com mais cuidado e por mais tempo. As pessoas tendem a comer alimentos mais macios, evitando pão e carne. O problema da deglutição pode piorar a ponto de algumas pessoas trocarem os alimentos sólidos por uma dieta líquida. Com o passar do tempo, a disfagia evolui para dor ao deglutir, o que chamamos de odinofagia. Associado a isso, o paciente geralmente perde muito peso em um intervalo curto de tempo. Outros sintomas incluem dor no tórax, azia e sintomas de má digestão, rouquidão, tosse persistente, vômitos, soluços. Sinais e sintomas como falta de ar e pele amarelada geralmente são indicativos de metástases para pulmões e/ou fígado.

O exame mais importante para diagnóstico dos tumores de esôfago é a endoscopia digestiva alta, que permite enxergar o órgão por dentro e retirar amostras de tecido para exame anatomopatológico (biópsia) se houver lesões suspeitas.

Uma vez confirmado o diagnóstico, pode ser necessário realizar outros exames como tomografia computadorizada do tórax e abdome, broncoscopia, ultrassom, exames de sangue para determinarmos o estadiamento da doença, ou seja, sabermos se o câncer está restrito ao esôfago, se há sinais de invasão de órgãos adjacentes como a traqueia, brônquios, estômago ou gânglios regionais (linfonodos) ou mesmo se o tumor já está espalhado para outros órgãos como fígado e pulmões (metástases).

As opções de tratamento incluem cirurgia, nos casos dos tumores restritos ao esôfago; associação de quimioterapia e radioterapia em tumores mais avançados mas ainda com chance de cura ou mesmo quimioterapia paliativa para os pacientes com câncer disseminado (metastático). Quando o paciente não consegue se alimentar de forma satisfatória e para evitar que o mesmo fique desnutrido, a alimentação pode ser mantida através de sondas nasoenterais que, introduzidas pelo nariz chegam até o intestino delgado, ou através de sondas colocadas diretamente no estômago por via endoscópica ou por cirurgia (gastrostomia).

A prevenção do câncer de esôfago está diretamente correlacionada com os bons hábitos de vida. Daí a importância de não fumar, beber com moderação, adotar uma dieta saudável, balanceada e rica em fibras e pobre em alimentos gordurosos e condimentados, manter o peso saudável e praticar atividade física.

O prognóstico está diretamente relacionado ao diagnóstico precoce, ou seja, quanto mais cedo se diagnosticar o tumor, maior a chance de cura. Pessoas com fatores de risco como as que sofrem de acalasia, tilose, refluxo gastroesofágico, síndrome de Plummer-Vinson e esôfago de Barrett têm mais chances de desenvolver o tumor. Por isso, devem procurar o médico regularmente para a realização de exames. Não há nenhuma recomendação formal de realização de exames na população geral como o emprego de endoscopia digestiva alta para rastreamento da doença. O recomendado é que, em caso de sintomas como dor ou dificuldade para deglutir, surgimento de rouquidão persistente, sintomas de azia e má digestão que não melhoram, especialmente em indivíduos tabagistas e etilistas, o ideal é procurar o médico para uma avaliação e se necessário, realização de exames mais específicos.

Prevenção continua sendo a melhor maneira de evitar o câncer.