Um erro muito comum é achar que todos os cânceres de mama são iguais. Existem diferentes subtipos, que acometem diferentes células e tem desenvolvimento e tratamentos diferentes.

Esses subtipos são definidos baseados em características celulares e anatômicas e também dependendo de marcadores que as células podem expressar em sua superfície.

As mamas são órgãos compostos basicamente por três partes: tecido adiposo (a gordura), tecidos conectivos (que dão sustentação) e os lobos e glândulas mamarias (responsáveis pela produção e ejeção do leite). São nos lobos e glândulas que aparecem os tipos mais frequentes de tumores da mama.

  • Quanto a essa localização os principais tumores são classificados em:

-Carcinomas lobulares (quando iniciam nos lobos mamários).

-Carcinomas Ductais (quando iniciam nos ductos mamários).

Existem outros subtipos, mas são mais raros.

  • Quanto a extensão da doença são classificados em:

-Carcinomas in situ (quando a lesão é muito inicial e ainda se encontra dentro dos ductos ou lobos).

-Carcinoma Invasivo (quando a lesão já rompeu a parede dos ductos ou lobos e atinge a gordura e tecidos ao redor).

Os Carcinomas Ductais invasivos são os mais comuns correspondendo a 80% de todos os tumores invasivos.

Os Carcinomas Lobulares Invasivos são o segundo mais comum e podem ser bilaterais em até 30% dos casos.

Além da classificação baseada no local de acometimento dentro da mama e do tipo celular que deu origem a doença, ainda podemos classificar o tumor conforme suas características moleculares (proteínas que podem estar presentes na parede da célula cancerígena).

Algumas dessas proteínas são os receptores hormonais de estrógeno e progesterona (hormônios sexuais femininos produzidos por toda mulher). Quando um deles ou os 2 estão presentes isso significa que o tumor é influenciado/estimulado por esses hormônios.

  • Quanto a classificação hormonal os tumores podem ser:

-Receptor Hormonal Positivo ( RH+).

-Receptor Hormonal Negativos ( RH-).

Os tumores que recebem influência hormonal são geralmente menos agressivos, se desenvolvem mais lentamente e portanto tem maiores chances de cura. Seu tratamento inclui uso de medicação hormonal que, na verdade, vai inibir a produção ou ação do estrógeno e progesterona do organismo. Por isso, nem todas as mulher com câncer de mama precisam usar essa medicação , apenas aquelas com tumores que tem receptores hormonais positivos.

Outra proteína que pode estar presente é a chamada “Her 2”. Essa proteína esta relacionada a uma maior proliferação das células tumorais.

  • Quanto ao Her 2 os tumores podem ser:

-Her 2 positivos.

-Her 2 negativos.

Os tumores Her 2 positivos tendem a ser mais agressivos, mas atualmente existem medicamentos específicos para inibir esse tipo de tumor( trastuzumabe, pertuzumabe) que quando usados nesses casos, aumentam as chances de bons resultados.

Quando o tumor não tem nenhuma dessas proteínas na membrana de suas células (portanto são receptores hormonais negativos e Her 2 negativos) ele é chamado de uma tumor “Triplo Negativo” . Geralmente esses são os mais agressivos e por isso exigem tratamentos também mais agressivos.

Portanto, é importante saber que quando falamos em Câncer de Mama, temos vários subtipos, cujo diagnóstico depende de exames detalhados e bem feitos no material da biopsia e o tratamento deverá ser individualizado levando em consideração essas diferenças.

As pessoas são únicas e os tumores também, portanto os tratamentos devem ser individualizados. O melhor tratamento para uma paciente pode não ser o mais adequado para outra. Devemos lembrar sempre também que, embora mais raro, os homens também podem ter câncer de mama, e essas classificações também podem ser usadas nos casos deles.