HPV: O vilão nos casos de câncer de colo de útero
Dr. Adolfo Scherr
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que o tumor de colo de útero atinge 16 mil novas mulheres no Brasil por ano, o que já faz dele o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre a população feminina. E se avaliarmos determinadas áreas do país, a incidência aumenta, chegando a ser o segundo mais comum no Nordeste e o primeiro em algumas regiões do Norte, como na região amazônica. A doença é silenciosa e, por isso, em cerca de 35% dos casos acaba levando à morte. Estima-se cinco mil mortes de brasileiras anualmente em decorrência do câncer de colo de útero. Esses números são alarmantes e nossa preocupação aumenta quando sabemos que muitos responsáveis não levam seus filhos para vacinação contra o principal causador da doença: o chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV.
O HPV é o tipo mais comum de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo e atinge as mulheres de forma massiva. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% dessas brasileiras irá desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos, uma taxa que preocupa os especialistas.
É a quarta maior causa de morte entre as mulheres. 90% das mulheres com câncer de colo de útero têm HPV. Desta forma, o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente a vacina contra o vírus. Mas ainda observamos que muitas famílias não dão a devida importância. Por isso nosso alerta da relação do HPV com o câncer de colo de útero.
A vacina foi incorporada ao calendário do Ministério da Saúde em 2014 e é recomendada geralmente para mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual. Então, meninas entre 9 e 14 anos (e meninos entre 11 e 14 anos – homens podem ser portadores assintomáticos do vírus) são alvo da campanha de vacinação. De qualquer forma, MULHERES E HOMENS DEPOIS DESSA IDADE PODEM TOMAR A VACINA PORÉM SUA EFICÁCIA PODE SER MENOR UMA VEZ QUE A PESSOA JÁ PODE TER SIDO EXPOSTA AO VÍRUS. A VACINAÇÃO FORA DA FAIXA ETÁRIA RECOMENDA PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE SÓ PODERÁ SER REALIZADA NO SISTEMA PRIVADO.
Acompanhamos muitos casos deste tipo de câncer (a maioria jovem, com menos de 35 anos, e que descobriu o câncer em estágio avançado) a prevenção é um dos principais aliados no combate ao câncer de colo do útero. E isso está relacionado à diminuição do risco de contrair o HPV. Assim, é importante se vacinar contra o vírus e usar camisinha durante a relação sexual. Também é preciso fazer os exames periódicos no ginecologista, como o Papanicolau, por exemplo. Casos diagnosticados no início dão uma chance de cura perto de 80% às pacientes. Mas não se pode esperar sintomas, pois é uma doença silenciosa e muitas mulheres perdem a chance de descobrir a condição ainda no começo por não sentirem nada.
Sinais de alerta
O câncer de colo de útero chega de forma silenciosa. E os primeiros sinais aparecem por meio de sangramento vaginal, seguido de corrimento e dor no baixo ventre.
O tratamento é cirúrgico para os casos mais iniciais e nos casos mais localmente avançados, a associação de quimioterapia e radioterapia é o mais indicado.
Nos casos não passiveis mais de cura, a quimioterapia isolada pode ser utilizada na tentativa de diminuir sintomas, principalmente a dor.