23 de agosto de 2017.
Há poucos dias foi noticiado pela imprensa que o jornalista Marcelo Rezende, que luta contra um câncer de pâncreas, decidiu abandonar o tratamento convencional com quimioterapia e aderir a tratamentos alternativos contra a doença. Segundo Rezende, os efeitos colaterais das medicações eram muito fortes e ele se sentia enfraquecido após as sessões de tratamento.
Recentemente, um estudo científico conduzido pelo Dr. Skyler Johnson, médico da Escola de Medicina de Yale nos EUA e publicado no periódico do Instituto Nacional do Câncer daquele país mostrou que pacientes que abandonam o tratamento convencional contra o câncer como quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia ou cirurgia e optam por alternativas com menos efeitos colaterais e sem comprovação científica de eficácia tem o dobro de chance de morrer. Nesse estudo, os pesquisadores avaliaram dados de 281 pacientes com câncer de mama, próstata, pulmão e intestino grosso e que optaram por algum tratamento alternativo e compararam com as informações de outros 560 pacientes acometidos pelos mesmos tipos de câncer mas que se submeteram ao tratamento convencional proposto pelo médico. O resultado mostrou que quem optou pelo tratamento alternativo teve 2,5 vezes mais chance de morrer em um período de seguimento de cinco anos do que o grupo que aceitou o tratamento oncológico convencional no mesmo período de tempo.
Se formos separar os pacientes do estudo por tipo de tumor, os que tinham câncer de mama e não aceitaram o tratamento convencional tiveram 5 vezes mais chance de morrer. Os pacientes que decidiram trocar o tratamento oncológico pelo alternativo tinham em geral nível sócio-econômico mais elevado, mais escolaridade e eram mais saudáveis no momento do diagnóstico. Os motivos que levaram as pessoas a não aderirem ao tratamento oncológico foram vários, incluindo descrença nos tratamentos atuais, medo dos efeitos colaterais, medo de que por exemplo a quimioterapia pudesse atacar além do câncer, órgãos sadios do organismo e torná-los doentes entre outros.
Em pouco mais de uma década, muitos tratamentos alternativos contra o câncer surgiram e logo se tornaram febre. Podemos citar aqui o Cogumelo do Sol, suco de Noni, Cartilagem de Tubarão e mais recentemente, a fosfoetanolamina, a chamada “pílula do câncer” que levou a uma enxurrada de processos judiciais de pacientes que, desesperados, queriam ter acesso ao produto.
A realidade é que um estudo cientifico conduzido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) mostrou que a fosfoetanolamina não é eficaz no combate ao câncer.
Com o advento das mídias sociais e a facilidade com que a informação, de qualidade ou não, chega até as pessoas, todos os dias nos deparamos com notícias de “tratamentos milagrosos” que prometem a cura do câncer e de outras doenças crônicas como diabetes e pressão alta mas que não tem nenhuma comprovação científica de que realmente funcionam. Muitas pessoas acabam aderindo a essas modas e abandonam o tratamento tradicional. Como mostrado pelo estudo do Dr Johnson, isso não é o mais adequado a ser feito.
A melhor estratégia diante de um diagnóstico de câncer ainda é uma franca conversa com o oncologista e com a equipe de profissionais envolvidos no tratamento. Retirar todas as dúvidas e expor seus medos e angústias sobre a doença e sobre as intervenções propostas como quimioterapia, cirurgia, etc ajudam o paciente a entender seu diagnóstico e a tomar a decisão certa quanto ao tipo de tratamento acatar na luta contra o câncer.
2 Comentários
Texto muito bem elaborado ,mas gostaria de deixar aqui a minha opinião sobre vários aspectos; Primeiro eu também não concordo com terapia alternativa com o abandono da quimioterapia convencional, mas no caso do Marcelo Rezende , digo novamente na minha opiniao ele nem deveria fazer quimio, qual o real beneficio que o tratamento lhe trouxe??? .Sera que ele viveria mais tempo se não tivesse feito quimioterapia ??, e um caso a se pensar, principalmente diante da gravidade do mesmo….
Também concordo que vemos a todo momento em diversos meios de comunicação pessoas correndo atrás de tratamentos milagrosos, que fatalmente vao leva-los a morte precocemente.
Mas também mesmo no tratamento convencional, temos que melhorar em muito a relação medico paciente, principalmente com médicos que não possuem humildade de que um colega pode pensar de maneira diferente, ou mesmo saber mais que o próprio sobre um determinado tratamento oncológico. Por exemplo, eu sou um paciente em tratamento quimioterápico ha sete anos, mas somente depois de cinco laparotomias, a ultima em 2013 e depois de cinco anos de tratamento….depois de trocar/abandonar literalmente o tratamento com um certo medico e que vim a descobrir uma cirurgia especifica para o meu caso ( hi-pec ).
Sempre perguntei muito a meus médicos sobre novos tratamentos, cirurgias, e nunca ninguém me falou dessa cirurgia, ou porque não sabia, incompetência ou falta de ética mesmo….em resumo a mudança me trouxe novos horizontes….
Hoje me encontro muito bem de saúde e muito bem assistido clinicamente pela minha medica Dra. VIVIAN ANTUNES , excelente profissional, além claro da humildade. Estou muito agradecido a Deus por tê-la encontrado pra me a ajudar nessa árdua luta….
Obrigada por sua opinião.