Pela primeira vez na história, o FDA (órgão que regulamenta o uso de medicamentos nos EUA), aprovou o uso de uma medicação para o tratamento de diferentes tipos de câncer, independente do órgão acometido. Tem-se como base a existência de alterações moleculares especificas nas células tumorais.

Essa droga é o Pembrolizumabe (Keytruda) , que faz parte do mais novo arsenal contra o câncer. O medicamento é capaz de ativar o sistema imunológico do paciente, fazendo com que o organismo combata o câncer de forma mais eficaz e também com menor toxicidade. São as chamadas imunoterapias.
Alguns indivíduos têm mais chances de sucesso no tratamento com essa medicação. Aqueles que apresentam uma alteração nas células, chamada de “instabilidade microssatélite” terão provavelmente maior beneficio.

No dia a dia, durante o processo natural de divisão de nossas células, o nosso DNA pode sofrer danos que geralmente são prontamente reparados. Quando há essa “instabilidade microssatélite”, esse processo de reparação é prejudicado, aumentando as chances do câncer aparecer. Por sua vez, essas neoplasias têm maiores chances de responder a essa nova medicação.

O benefício parece acontecer independente do órgão onde o tumor começou. Por  isso, em 23 de maio desse ano, essa droga foi liberada nos EUA para uso em qualquer tumor sólido com instabilidade microssatélite que tenha falhado a outros tratamentos.

Essa alteração molecular está presente em aproximadamente, 5% dos tumores metastáticos.

É a primeira vez que a aprovação de um tratamento leva em consideração apenas alterações moleculares especificas e não o órgão onde o tumor começou. Isso pode significar um grande avanço, principalmente para neoplasias cujos tratamentos convencionais são menos eficientes ou que as opções de tratamentos são restritas.

Além disso, sinaliza a possibilidade de aprovações mais rápidas de medicamentos em contextos, onde os estudos nos modelos atuais são mais difíceis, longos e caros.

A aprovação pelo FDA levou em consideração pesquisas preliminares que mostraram taxas de resposta da ordem de 40% nos tumores estudados com instabilidade microssatélite. Esses resultados ainda deverão ser confirmados por estudos maiores, mas já foi o suficiente para garantir a autorização para seu uso pelo órgão americano.
No Brasil , o Keytruda  já foi registrado pela ANVISA, mas esta aprovado no momento para o tratamento de melanoma (um tipo de câncer de pele) metastático.

Espera-se agora, a avaliação e aprovação dessa medicação para outros tipos de tumores no nosso país, para que mais pacientes possam ser beneficiados.
Nesse momento inclusive, acontece na cidade de Chicago nos EUA, o maior congresso de Oncologia do mundo, onde são aguardados diversos resultados de estudos com Keytruda e outras drogas de ação semelhante.

Vinícius Correa da Conceição
CRM: 120034