É bem conhecido o fato de que o tratamento do câncer implica em muitas mudanças na vida dos pacientes. Alguns hábitos são deixados de lado; novas rotinas são criadas; novos “normais” surgem. Os pacientes são convidados a se adaptar repentinamente a uma realidade com restrições diversas em prol da segurança em um período de baixa da imunidade durante a quimioterapia. Assim, não incomumente, o simples ato de brincar com seu cachorro ou gato de estimação pode se transformar em uma situação de risco para contrair infecções.

Além de apaixonados pelos nossos pets de estimação, nós, do Grupo SOnHe, respeitamos a importância que os animais domésticos têm no cultivo da saúde emocional de nossos pacientes. Buscamos sempre nos pautar pelo conhecimento técnico-científico para mediar com segurança essa relação de afeto e carinho. Hoje, o programa Mostre-me a Evidência traz um pouco da evidência que norteia esta condição.

Afinal, é perigoso se manter próximo do seu pet durante o tratamento do câncer?

A resposta para este questionamento não é uma constante; porém, na maioria das vezes, ela é não!

A literatura não é muito clara sobre este assunto e os poucos estudos existentes não conseguiram de fato comprovar um aumento de infecções em pacientes com câncer que mantiveram contato com seus animais domésticos. Há, entretanto, um alerta quanto aos hábitos corriqueiros relacionados ao cuidado e à rotina com o animal que são considerados de risco para aquisição de infecções, tais como mordeduras, arranhaduras, contato com fezes/urinas, entre outras.

Um estudo australiano monitorou a rotina de um grupo de pacientes considerados imunocomprometidos (em especial com neoplasias hematológicas – linfoma e leucemia) com seus respectivos pets. Dos 137 pacientes, 53% dos pacientes realizavam diariamente a limpeza das escorias do animal (fezes e urina), 37% relatavam que deixavam o animal dormir na sua cama, e 28% tinham o hábito de deixar o animal lamber a região facial e áreas próximas da boca. Quando questionados, apenas 16% (21 pacientes) relataram ter recebido alguma orientação profissional sobre esses hábitos durante o tratamento oncológico.

É seguro e saudável conviver com animais de estimação durante o tratamento do câncer. É necessário, entretanto, perguntar para o seu médico oncologista sobre as rotinas com o seu pet, mesmo que isso pareça uma dúvida simples ou “boba”. Dessa forma, com boas orientações, é possível tornar esta relação mais segura e garantir a continuidade do tratamento necessário.

É isso por hoje!

Para finalizar de maneira alegre, tal como os pets nos fazem sentir, acompanhe o grupo SOnHe nas midas sociais, poste uma foto com seu animal de estimação e nos marque. Será um prazer conhecê-los e tê-los conosco em prol deste tema.

Segue abaixo a literatura: 

Gurry, Greta A, et al. High rates of potentially infectious exposures between immunocompromised patients and their companion animals: an unmet need for education. Internal Medicine Journal, [S.L.], v. 47, n. 3, p. 333-335, mar. 2017

Cancer.Net. Food safety during and after cancer treatment. 2018. Accessed at https://www.cancer.net/survivorship/healthy-living/food-safety-during-and-after-cancer-treatment on August 30, 2019

Freifeld AG, Kaul DR. Infection in the patient with cancer. In Niederhuber JE, Armitage JO, Kastan MB, Doroshow JH, Tepper JE, eds. Abeloff’s Clinical Oncology. 6th ed. Philadelphia, PA: Elsevier; 2020: 544-562.

NIH U.S. National Library of Medicine. MedlinePlus. Pets and the immunocompromised person. 2019.