SBOC REVIEW
QUINTA, 01 MARÇO 2018 11:49

O tratamento sistêmico do carcinoma hepatocelular (CHC) avançado é carente de opções terapêuticas. O sorafenibe tem sido o único medicamento com ganho em sobrevida global em primeira linha nos últimos 10 anos. Todos os estudos que tentaram comparar o tratamento com sorafenibe foram negativos. No entanto, recente publicação no Lancet (Kudo M et al), avaliando o tratamento com lenvatinibe, um inibidor multi-quinase de VEGFR 1-3, FGFR 1-4, PDGFR alfa, RET e KIT, revelou dados convincentes.

Trata-se de um estudo fase III, multicêntrico, de não inferioridade, que recrutou pacientes com CHC avançado para tratamento em primeira linha. A margem de não inferioridade estabelecida foi de 1.08. Foram randomizados 954 pacientes (1:1) para tratamento com lenvatinibe 12 mg/dia (peso maior ou igual a 60kg) ou 8 mg/dia (peso menor 60 kg) ou sorafenibe 400 mg duas vezes ao dia. Na avaliação dos resultados, o objetivo primário de sobrevida global foi alcançado (13,6 meses lenvatinibe x 12,3 meses sorafenibe, hazard ratio 0.92; 95% CI, 0.79-1.06). Posteriormente realizou-se a avaliação pré-planejada de superioridade, porém com resultado negativo.

Os objetivos secundários de sobrevida livre de progressão 7,4 x 3,7 meses (p < 0.0001), tempo para progressão 8,9 x 3,7 meses (p < 0.0001) e resposta objetiva 24,1 % x 9,2 % (p < 0.0001) favoreceram lenvatinibe versus sorafenibe, respectivamente, com significância estatística. Em relação à descontinuidade do tratamento por efeitos colaterais (9% x 7%) e toxicidades grau III ou IV (57% x 49%) foram mais frequentes com lenvatinibe. Kudo M et al. Lancet.2018 Feb 9 PMID: 29433850 Comentário: O estudo com lenvatinibe atingiu o objetivo de não inferioridade em sobrevida global com efeitos colaterais manejáveis. Em um cenário de escassez de tratamento para o CHC avançado, o lenvatinibe revelou ser uma opção promissora.